Kawara Welch foi presa em 8 de maio pelo crime de stalking após perseguir médico de Ituiutaba, em Minas Gerais. A mulher de 23 anos enviou encomendas e usou a própria avó para coagir o homem. Ela estava foragida desde março do ano passado e foi detida no início do mês, em uma universidade de Uberlândia.
De acordo com o jornal O Globo, a vítima registrou 42 boletins de ocorrência, Kawara mandou 1.300 mensagens e ligou 500 vezes para ele e sua família. Rafael de Freitas Faria, o delegado responsável pelo caso, confirmou ao portal que, em fevereiro de 2022, a acusada enviou uma pizza para a casa do profissional da saúde. Como ele não tinha feito pedido algum, acabou ligando para o restaurante e descobriu que a moça fez o pedido para ser entregue em seu endereço. Os ingredientes formavam a frase “MEU GIGANTE TE AMO” na pizza e a encomenda não foi paga por ela.
Além do mais, outra denúncia foi registrada em 4 de janeiro do ano passado, apontando para quando a mulher do médico foi surpreendida por Kawara e sua avó, Dalva Pereira, enquanto estava estacionando o carro. As duas tentaram tirá-la do carro à força, ‘com empurrões e chutes’. Ela precisou se trancar no carro para fugir das agressões.
Depois, o médico chegou à clinica de carro e se deparou com a mulher que entrou em seu veículo e o ameaçou. Segundo a ocorrência, Kawara foi notificada pelo crime de roubo após deixar o carro levando a chave e celular da mulher da vítima, entregando-os para a avó, que ficou responsável por esconder os objetos. Após o ocorrido ela teve a prisão preventiva decretada.
“Foi uma agressão. Ela subtrai o celular da vítima, quando ela faz isso, mediante violência ou grave ameaça, isso codifica o crime de roubo. A avó ajudou, mas nas demais situações de perseguição nada foi comprovado”, afirmou o delegado responsável.
De acordo com o processo, a mulher do médico teve múltiplas escoriações em tórax e membros superiores e inferiores. O jornal O GLOBO procurou a defesa de Dalva Pereira, que não quis se posicionar sobre o assunto. O delegado ainda ressalta que em momento algum das investigações ficou comprovado que os dois tivessem um envolvimento amoroso. Ele ainda reforça o fato de que o médico sempre denuncia os episódios de perseguição e registra boletins de ocorrência. Foram feitas montagens de conversas pela jovem e isso também indica que o relacionamento não existia.
“Ela tinha ilusões de que esse relacionamento realmente existia entre eles, isso fazia com que ela frequentasse os mesmos ambientes que a vítima, como locais de trabalho, residência, hospitais, clínicas. Ela o perseguia de forma reiterada. Não há nenhum indício da existência de um relacionamento entre eles, ou que o médico prometesse algo a ela, ou que ficasse dando indiretas a ela”, detalha o delegado.
O médico relatou, em entrevista ao Fantástico, que conheceu Kawara em 2018, quando ele a atendeu com um quadro de depressão. Ainda de acordo com a vítima, as perseguições a ele e sua família começaram em 2019, quando Kawara se dizia apaixonada por ele.
Por causa das tentativas, a artista plástica foi excluída da lista de pacientes do profissional. Então, a moça passou a ameaçar e também ligar para os familiares do médico, inclusive o filho, de 8 anos. Kawara ainda teria enviado fotos a ele com lençóis e cordas amarrados no pescoço e outras em tom de despedida. O profissional de saúde e a esposa registraram 42 boletins de ocorrência por perturbação do sossego, lesão corporal, ameaça e extorsão.
A artista plástica também teria começado a segui-lo nas ruas. De acordo com o médico, em 2022, a jovem invadiu seu consultório e aconteceu um desentendimento com agressões entre ela e sua a esposa. Após um ano, houve mais um episódio que a acusada invadiu a clínica e teria furtado o celular da esposa da vítima. A moça chegou a ser presa, mas foi liberada após pagar fiança de R$ 3,5 mil e passou a responder ao processo em liberdade.
A jovem se identifica como artista plástica e modelo nas redes sociais. Nas publicações, Kawara compartilha fotos suas e de suas obras. Ela acumula mais de 6,5 mil seguidores. Procurada pelo O GLOBO, a defesa da acusada alega que os dois tinham um relacionamento. Ainda de acordo com o os advogados que representam a artista plástica, a relação teria começado quando ela era adolescente, entre seus 16 e 17 anos.
“A companheira da suposta vítima descobriu então essa situação e passou ‘coagir’ a suposta vítima, que sem alternativa foi obrigada a confeccionar essas denúncias. Infelizmente, como dito, a Sr. Kawara não teve a oportunidade de declarar tudo o que agora declara por sua defesa e fornecer documentos para que tudo fosse apurado”, declaram em nota.
Eles ainda reforçam que Kawara “nunca foi intimida” para prestar qualquer esclarecimento sobre os fatos. “O único erro da Sra. Kawara é de permanecer iludida pela suposta vítima em ter um relacionamento com a própria”, reforçou a defesa da jovem.
O crime de perseguição, também conhecido como “stalking”, foi incluído no Código Penal em março de 2021. O crime resume-se em perseguir uma pessoa continuamente e por qualquer meio, que pode ser o virtual, “ameaçando-lhe a integridade física ou psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade, ou privacidade”.
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