A força-tarefa da Secretaria da Segurança Pública (SSP) está investigando três principais hipóteses para tentar esclarecer a morte de Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, delator do Primeiro Comando da Capital (PCC). A Polícia Civil, a Polícia Militar (PM) e a Polícia Técnico-Científica buscam se policiais militares, policiais civis, um agente penitenciário, um devedor e integrantes da facção criminosa participaram do assassinato do empresário. Até o momento, nenhum dos criminosos foi preso ou identificado. As informações foram divulgadas pelo g1.
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Vinicius morreu na última sexta-feira, 08, com dez tiros por dois homens não identificados e encapuzados no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. Eles estavam fuzis e atacaram o empresário do ramo imobiliário na área de desembarque do terminal 2. O crime foi registrado por câmeras de monitoramento.
Além dele, um motorista por aplicativo também morreu após ser atingido por um disparo e outras duas pessoas ficaram feridas. No total, foram 29 disparos e os assassinos fugiram. As armas utilizadas por eles no crime foram abandonadas e encontradas depois pelas autoridades.
As gravações são analisadas pelas gravações e ouve depoimentos de testemunhas e sobreviventes para identificar quem matou e quem foi o mandante do crime. Ele estava voltando com a namorada de uma viagem de Maceió, em Alagoas. No domingo, 10, sairiam de São Paulo com destino a Vitória, no Espírito Santo. A mulher não foi atingida pelos tiros.
As apurações são acompanhadas pelo Ministério Público (MP). A Polícia Federal (PF) realiza sua investigação própria do caso porque o crime aconteceu no aeroporto que é responsabilidade da instituição. A Guarda Civil Municipal (GCM) de Guarulhos busca identificar por qual motivo seus agentes não estavam no local no momento do crime.
Vinicius Gritzbach se apresentava como empresário do ramo imobiliário, mas era réu na Justiça em dois processos: por lavagem de dinheiro para o crime organizado e também acusado por um duplo homicídio. Foi por causa desses processos que ele quis realizar uma delação premiada para contar quem são os agentes de segurança e integrantes do PCC envolvidos num esquema ilegal de lavagem de dinheiro para o crime organizado.
Em março, foi homologado pela Justiça a delegação com o Ministério Público. O empresário receberia, em troca, uma pena menor, se fosse condenado. Oito dias antes de ser morto, Vinicius denunciou na Corregedoria da Polícia Civil contra agentes que estavam tentando extorquir seu dinheiro.
Linhas de investigação do crime
Vinicius contratou policiais militares para fazer sua segurança pessoal, o que é considerado irregular pela Polícia Militar. As autoridades querem descobrir se esses agentes têm algum envolvimento na execução dele. Oito PMs foram identificados e todos foram afastados pela força-tarefa nesta semana. Até o momento nenhum foi indiciado ou responsabilizado pelo assassinato.
Esses policiais militares estavam sendo investigados um mês antes da morte pela Corregedoria da PM por realizarem escolta para Vinicius (ligado com PCC). Os agentes afastados trabalham no 18º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano (BPM-M), na Zona Norte de São Paulo, onde atua a maior parte do grupo, e do 23º BPM-M, na Zona Oeste de São Paulo.
Oito dias antes de ser morto, em 31 de outubro, ele foi escutado pela Corregedoria da Polícia Civil e denunciou agentes da instituição que estariam tentando extorquir dinheiro dele. Os policiais denunciados trabalham no Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), no 24º Distrito Policial (DP), Ermelino Matarazzo, e no 30º DP, Tatuapé.
Um agente penitenciário investigado com Vinicius em um processo de homicídio, me que são corréus, também começou a ser investigado por uma suposta relação com a morte do empresário. Ele tinha 38 anos e era corretor de imóveis no Tatuapé, na Zona Leste de São Paulo. Ele começou a fazer negócios com Anselmo Bicheli Santa Fausta há alguns anos. Conhecido como Cara Preta, Anselmo movimentava milhões de reais comprando e vendendo drogas e armas para o PCC.
De acordo com o Ministério Público de São Paulo, Vinicius teria atuado para lavar R$ 30 milhões em dinheiro vindos do tráfico de drogas. Segundo fontes da Polícia Federal, a maioria dessas operações de lavagem foi feita com a compra e venda de imóveis e postos de gasolina.
Cara Preta e Antônio Corona Neto, o Sem Sangue e motorista dele, foram mortos, e Vinicius passou a ser investigado com o agente penitenciário como responsáveis por esses assassinatos. O empresário fechou um acordo de delação premiada com o MP em março, com a promessa de entregar esquemas de lavagem de dinheiro do PCC e crimes cometidos por policiais.
O empresário acusou um delegado do DHPP de pedir dinheiro para não implicá-lo na morte de Cara Preta. Além do mais, disponibilizou informações que levaram à prisão de dois policiais civis que trabalharam no Departamento de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc).
No caso do possível envolvimento de agentes de segurança na morte de Vinicius, as autoridades suspeitam que o empresário tenha sido vítima de uma “queima de arquivo”. A hipótese é de que ele fosse uma ameaça de delatar outros profissionais da segurança, por exemplo.
Em resposta à solicitação de comentário sobre o possível envolvimento de um de seus agentes na execução do delator do PCC, a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) se pronunciou por meio de uma nota, afirmando que “atualmente, o servidor responde a três processos administrativos disciplinares na pasta, que poderão levar à demissão do serviço público”.
Integrantes do PCC e envolvimento de devedor
Uma das linhas de investigação aponta para a possibilidade de que Vinicius tenha sido assassinado por ordem da facção criminosa, devido à sua suposta delação sobre os membros do PCC envolvidos no esquema de lavagem de dinheiro.
Além disso, circula a informação de que o empresário estaria com uma dívida de cerca de US$ 100 milhões com Cara Preta. Outra hipótese investigada é a de que o crime tenha sido motivado por uma dívida financeira. Vinicius teria ido a Maceió cobrar uma quantia de uma pessoa, que, em vez de pagar em dinheiro, lhe entregou joias avaliadas em aproximadamente R$ 1 milhão.
O homem que forneceu as joias ao empresário também passou a ser investigado, suspeito de ter envolvimento na execução de Vinicius. De acordo com um de seus advogados, Vinicius chegou a solicitar mais proteção aos promotores, temendo por sua vida, após ter sido colocado na lista de pessoas a serem executadas. No entanto, esse pedido de segurança não teria sido atendido.
Em entrevista à GloboNews, o promotor Lincoln Gakiya afirmou que Vinicius recusou as ofertas de segurança feitas a ele. Segundo o Ministério Público, o delator alegava que poderia custear sua própria proteção e não queria abrir mão do estilo de vida que levava. Participar do programa de proteção significaria mudar de residência e cortar os laços com a família e amigos.
A Promotoria revelou ainda que, para se proteger, Vinicius contratou cinco policiais militares para formar uma escolta particular. Quatro desses PMs estavam no aeroporto para se encontrar com o empresário, mas não o acompanharam no momento de sua morte. Os agentes foram ouvidos pela força-tarefa e informaram que um dos veículos usados para buscar Vinicius teve um problema na ignição.
O quinto policial, que viajava com Vinicius, relatou à investigação que, ao ouvir os disparos, se escondeu atrás de um ônibus estacionado. À Corregedoria, ele justificou que agiu assim por estar em desvantagem e ter decidido priorizar sua própria segurança.
Os policiais militares também estão sendo investigados pelo Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa. A investigação está revisando o trajeto que os agentes fizeram antes do carro supostamente quebrar e também está extraindo dados dos celulares dos PMs envolvidos.
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