[ATENÇÃO: O texto abaixo descreve situações de racismo, abuso sexual e violência física e psicológica, que podem ser gatilhos para algumas pessoas. Se você passa por isso ou conhece alguém que esteja em situação semelhante, denuncie. DISQUE 180]
Rosiane Pinheiro foi uma das famosas que criticou Solange Gomes por “defender” Ana Paula Minerato após exposição de áudios com falas racistas. Em conversa com Fábia Oliveira, do Metrópoles, a ex-dançarina de axé abriu o coração e expôs diversas situações de abuso na infância, incluindo de sua ex-madrasta.
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“Minha mãe me enviou para morar no Rio de Janeiro com meu pai e chegando lá, eu tinha uma madrasta. Ela tinha dois filhos que abusavam de mim e ninguém acreditava quando eu contava”, disse.
“Eu gritava e ninguém me ajudava. Nesse mesmo lugar, a minha madrasta me fazia de escrava, ao ponto de queimar minha mão e minha língua com colher e ovo quente”, continuou Rosiane.
A ex-Fazenda esclareceu que deu esse relato para justificar a revolta que sente quando vê pessoas pretas sofrendo racismo: “É triste relembrar, mas é necessário! Ela esquentava a colher ou ovo no fogão e me amarrava pra me queimar, caso eu não fizesse algo que ela me mandou. Além de dar chutes e murros na minha cabeça, ela me fazia literalmente de escrava. É até difícil relatar, porque muito dessas coisas nunca externalizei”, pontuou.
Rosiane Pinheiro explicou que foi morar com o pai depois de um episódio de abuso, aos seis anos, quando morava em Salvador, na Bahia. “Ela [a mãe] vendia doces, cigarros e bebidas em casa e um amigo e cliente dela, quando eu fui ao mercado, me arrastou pra um beco deserto, me bateu e tentou me abusar”, falou.
“Daí eu gritei e minha tia veio tentar me salvar. Mas ele era forte e ela teve que gritar a rua toda pra vim alguém. O pessoal da rua foi bater nele. Quando fui contar, eu escutei da minha família ‘isso é normal, é porque sua pele chama atenção’. Por isso, a minha revolta quando vi a Solange defendendo o ato de racismo da Ana Paula Minerato. Me vi ouvindo o que eu ouvi lá na minha infância”, prosseguiu.
Rosiane ainda contou uma outra história, desta vez já na vida adulta, quando estava no auge da carreira na década de 90. “Tinha pessoas que gerenciavam a minha carreira e a das meninas do É o Tchan, numa reunião com uma empresa. Eu saí pra ir no banheiro e, quando estava voltando, eu escutei ‘dá qualquer R$ 50 pra ela, porque ela é pobre e preta, não sabe nem o que é dinheiro. Qualquer micharia ela já vai ficar feliz’. São coisas absurdas que o racismo faz, é cruel”, destacou.
A ex-dançarina concluiu o relato deixando um alerta para quem sofre qualquer tipo de preconceito ou violência sexual: “Não deve ser aceito jamais! Hoje, eu aprendi que não devemos nos calar. Mas, eu entendo que o medo, às vezes, nos paralisa. Então, você que sofre com isso, tente alguma forma de denunciar”, encerrou.
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