De acordo com o portal LeoDias, o produtor de teatro Bruno Correa Souza está sendo acusado de lesar mais de 30 artistas com golpes financeiros que somam mais de R$600 mil.
Os golpes do produtor começaram a ser revelados durante a turnê da peça “A Bela e a Fera, O Musical”, produzida pela Palavra e Som, no Rio Grande do Sul. Os atores e o produtor local tentavam entrar em contato com Bruno sobre os pagamentos pendentes, mas ele imediatamente alegou que seu pai havia falecido. Usando essa mentira, Bruno tentou extorquir R$12 mil do produtor para cobrir os custos de um velório fictício.
Enquanto isso, Bruno estava produzindo outra peça em São Paulo, ao lado de seu pai, que estava vivo. A partir desse momento, atores, produtores e outras pessoas do meio teatral começaram a se unir para compartilhar seus relatos sobre os diversos golpes que ele havia aplicado.
Claudete Velloso trabalha como camareira de teatro há mais de uma década. Ela conheceu Bruno através da filha, que cursava teatro com ele. Os dois trabalharam juntos por anos na mesma companhia teatral, ele como bailarino e ela como camareira. Em 2021, quando o produtor decidiu abrir a Palavra e Som, ele a chamou para ser a camareira de suas produções e aí que tudo começou.
“Durante as turnês e apresentação dos espetáculos, Bruno me pediu para que abrisse uma conta bancária com o gerente do banco dele para que facilitasse o meu pagamento em sua empresa. A conta foi aberta com todos os meus dados que ele passou para o gerente diretamente. Recebi alguns cartões do banco porém não consegui acessar a conta porque as senhas de desbloqueio davam inválidas. Questionei o Bruno, que pediu os cartões e disse que iria resolver com o gerente”, afirma ela ao portal LeoDias, que não era registrada formalmente em carteira de trabalho .
Ela diz que a instituição financeira a cobrou por movimentações altas feitas em seu nome. “Questionava o Bruno [a respeito das cobranças] e ele sempre desconversava e dizia que eram ligações falsas e para que eu trocasse de número de celular. Resolvi então ir pessoalmente ao banco para saber o que estava acontecendo e foi então que descobri todo o golpe”.
Claudete soube que Bruno utilizava a conta para diversos pequenos empréstimos que somam o valor de R$564 mil. Os valores eram mandados para uma conta bancária da mãe de Bruno, Vilma Correa João. Os empréstimos eram feitos por aplicativos de banco. Um acordo de dívida de mais de R$600 mil foi firmado com o banco, usando a assinatura falsificada da camareira como a devedora.
“Eu não tenho esse valor, imagina! Eu tinha aquele salário do governo [Bolsa Família] de R$600. Eu não tenho cartão de crédito, não tenho nada”, declara. Interrogado pela camareira, Bruno confessou os empréstimos, mas negou o acordo de dívida feito em nome dela e desconversou sobre as dívidas e que ele pagaria à ela o mesmo valor cobrado pelo banco. A conversa em que ele reconhece o ato foi gravada.
Claudete entrou com um processo contra o Bruno por estelionato e pela instituição financeira responsável pela conta, por danos morais. Segundo a ação acessada pelo portal LeoDias, Bruno é acusado de estelionato e apropriação indébita. O processo tramita no Ministério Público de São Paulo desde de 2022.
A dívida foi perdoada pelo Bradesco, só que o nome da camareira ainda consta como devedora no Serasa. Além do mais, foram abertas outras quatro contas no nome dela, que supõe que o homem esteja por trás dessas movimentações e o processo ainda continua na Justiça.
Uma amiga de Bruno desde a adolescência falou ao portal LeoDias que após alguns anos sem contato com ele, o viu em um centro espírita perto de sua casa e tentou contato por Instagram. Tamires Silva marcou um reencontro com ele e a volta da amizade causou um transtorno para ela.
Acontece que Bruno a convidou para ser sua sócia em sua próxima peça. “Fizemos tudo por boca, nada de contratos infelizmente ou felizmente. A partir daí só foi dinheiro pro ralo, eu e meu marido fizemos um investimento de R$90 mil. E ele começou a me pedir muito dinheiro emprestado, não só para empresa e também pra vida pessoal”, afirma.
De acordo com ele, o dinheiro ia para as taxas de teatro, transporte, custos de uma outra peça e ISS *Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza). “O que eu pensava: tô com ele nessa agora, investi dinheiro, se não der certo para ele, eu vou perder essa grana. Eu não conseguia falar não pra ele e sempre emprestava”, diz a mulher.
Bruno prometeu que tudo seria pago em setembro, mas transferiu apenas R$ 10 mil para Tamires. “Quando era a data dele nos pagar, ele começou a dar desculpas. Mudava de datas e nunca esse dinheiro chegava, aí começamos a desconfiar, ficamos sabendo que ele tava devendo elenco e técnica também”.
Ela justifica que Bruno está devendo R$150 mil em cartão de crédito, o investimento de R$90 mil na peça e todos os PIX feitos para Bruno e sua mãe. A mulher, que é metalúrgica, não sabe do valor total das dívidas. Para alimentar as esperanças de sua amiga de que ele pagaria as contas e que seu trabalho estava sendo reconhecido, o falso produtor chegou a forjar um e-mail da Globo, o chamando para a novela “Mania de Você”.
O portal LeoDias acessou um print de uma conversa na qual Bruno pede que o marido de Tamires, chamado de Lobão, abra uma conta bancária no Nubank porque ele “precisa sempre de uma conta laranja”. “Não entenda laranja como pejorativo, entenda como conta de gente com confiança pra sempre sobrar um lucro maior pras coisas”, explica em áudio enviado para Tamires.
Ela fala que o ponto alto foi a sublocação (alugar um local em seu nome para outra pessoa) que Bruno a convenceu a fazer para os seus pais. Segundo a metalúrgica, o “amigo” justificou não estar bem financeiramente e precisava de seu nome para o aluguel, que está indo para o seu terceiro mês de vencimento: “Aluguei um apartamento no meu nome para os pais dele morarem e eles não estão pagando o aluguel. Vai vencer a terceira parcela. O Bruno falou que eu era irmã dele, ou seja, filha dos moradores”.
Tamires solicitou uma intimação para que o casal se retire do apartamento em 10 dias e também pediu pagamento dos aluguéis atrasados. Na última segunda-feira, 28, a metalúrgica levantou uma ação contra Bruno por estelionato.
Os prejudicados por Bruno afirmam que no grupo que criaram há dívidas de diferentes valores, abrangendo desde atores e produtores até transporte, equipamentos de som e outros.
O Glow News não conseguiu contato com Bruno. O espaço segue aberto para manifestações.
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