Cíntia Chagas e Lucas Bove (Foto: Castella S T U D I O e Divulgação)

Cíntia Chagas e Lucas Bove (Foto: Castella S T U D I O e Divulgação)

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‘O tratamento psicológico é crucial’, diz especialista após Cíntia Chagas ser vítima de violência doméstica do deputado Lucas Bove

O psicólogo Alexander Bez orientou Cíntia Chagas a buscar tratamento psicológico após ser vítima de violência doméstica

[Atenção: o texto a seguir traz conteúdos sensíveis, que podem gerar gatilhos sobre estupro, violência contra a mulher e violência doméstica em algumas pessoas. Caso você seja vítima deste tipo de violência ou conheça alguém que passe ou já passou por isso, procure ajuda e denuncie. Ligue para o 180.]

Na noite de quarta-feira, 9, uma verdadeira bomba envolvendo a separação da influenciadora Cíntia Chagas veio à tona. No dia 13 de agosto, ela anunciou sua separação do deputado Lucas Bove (PL), alegando divergências em seus objetivos de vida. Contudo, detalhes de um boletim de ocorrência feito por Cíntia contra o ex-marido revelam uma situação muito mais grave.

Segundo o portal LeoDias, Cíntia Chagas se separou por ser vítima de violência doméstica. Em relatos do B.O. divulgados pelo portal, a influenciadora conta que viveu um relacionamento abusivo com o deputado, afirmando que o político é “possessivo, ciumento e controlador”.

Faca na perna

No documento, Cíntia relata diversos episódios de violência psicológica e física às autoridades. Ela alega que os dois tinham discussões acaloradas e que ele tentava controlar cada um de seus passos. Em um dos relatos, a influenciadora afirma que o ex-marido atirou uma faca contra sua perna.

“Relata que em uma determinada manhã, acordou com fortes dores no ombro; que, disse ao autor que iria ao pronto socorro, tendo ele dito que após o jantar, ele a acompanharia. Ela disse, logo após, que deixaria para ir no dia seguinte, ocasião em que o autor, nervoso, respondeu ‘Sua idiota, você me fez jantar rápido e agora não vai?’ (sic)”, diz trecho do B.O.

“Conta que chegou em casa, com dores e o braço apoiado numa tipóia e que o autor se aproximou e disse ‘E aí, qual que é a frescura da vez? Não está doendo anda, você fica melhor maneta do que com os dois braços, nunca vi a cozinha tão limpa, parabéns’ (sic). Narra que, fragilizada, começou a chorar; que, nesse momento, o autor lhe disse ‘Tá chorando por que?’ (sic), ao que apenas respondeu ‘Estou me sentindo sozinha’; e Lucas emendou dizendo ‘daqui pra frente vai ser assim’ (sic)”, diz outro trecho.

“Relata ainda que, durante uma discussão, o autor arremessou contra sua perna uma faca, a qual caiu no chão e bateu em sua perna, lesionando-a”, completa o trecho.

Lesões corporais

Em outro relato à polícia, a influenciadora conta que Lucas Bove adquiriu o hábito de apertar, de maneira agressiva, partes de seu corpo, como ombros, pernas e seios, frequentemente deixando até hematomas. Em troca de mensagens divulgadas pelo portal LeoDias, Cíntia mostra as lesões ao marido e pede para que ele pare. Em resposta, o deputado diz que estava “viciado nisso”.

O depoimento de Cíntia Chagas expõe que estes atos não estavam relacionados a momentos íntimos, ocorrendo em situações cotidianas e, por vezes, na frente de outras pessoas, o que a deixava constrangida.

Veja os prints da conversa entre Cíntia Chagas e Lucas Bove sobre as lesões:

Briga em casamento

Um outro relato de violência física e psicológica ocorreu durante um casamento com a presença de Jair Messias Bolsonaro e sua esposa Michelle Bolsonaro. De acordo com o boletim de ocorrência, durante a cerimônia, o vice-presidente da comissão de educação teria insistido furioso para que Cíntia tirasse fotos com o ex-presidente e a ex-primeira dama.

Cíntia respondeu que faria o registro quando acabasse seu jantar, mas o então marido não gostou. Nervoso, ele retirou os talheres das mãos da influenciadora, jogando-os sobre a mesa, e a puxou pelo braço, com força, até o local para tirar as fotos.

Chagas teve dificuldade para descer de um barranco no local e foi humilhada por Lucas Bove: “Vai embora! Você não serve para nada”. A recém-separada questionou: “Como eu vou embora? Nós estamos em uma fazenda”. Usando palavras de baixo calão, o deputado retrucou:  “Fod*-se! Chama um Uber, se vira e deixa minha carteira em cima da mesa”.

Cíntia, segundo o relato, conseguiu uma carona de volta para o hotel onde estava hospedada, uma vez que a cerimônia de casamento era na cidade de Ribeirão Preto. Ao chegar, ela solicitou um motorista particular até sua residência e Lucas Bove ficou lhe mandando mensagens durante todo o trajeto, pedindo para que a mesma retornasse até a festa de casamento.

Assim que ele chegou em casa, porém, ameaçou agredi-la: “Você é uma rameira e interesseira. Se eu tivesse mais dinheiro, você não faria isso comigo”.

“Se você tomar banho, eu vou queimar todas as ruas roupas. Se você entrar no quarto para dormir, eu vou colocar som alto. A gente vai se separar! Você só não vai apanhar agora porque você tem 6 milhões de seguidores”, continuou.

Ainda consta no boletim de ocorrência, segundo o portal LeoDias, que o político se aproximou do rosto da então esposa com o punho fechado e jogou uma garrafa de água mineral nela, pegando uma mala em seguida e afirmando que ela retornaria para o hotel.

Em conversa com o ex-sogro sobre a separação, Cíntia Chagas contou que foi expulsa de casa. O pai teria ficado contra o filho: “São 3 meses de casado e você expulsa a mulher de casa? Você é igual a sua mãe! Gosta de conflito”.

Mensagem antes do rompimento

Cíntia Chagas comunicou sua vontade de terminar o casamento em uma mensagem para Lucas, também divulgada pelo portal LeoDias. Ela afirma que as agressões físicas e emocionais que sofreu, além do controle excessivo dele sobre sua vida, foram motivadores.

“As agressões, a sua necessidade de controlar o meu passo a passo, a faca que você atirou em mim, machucando-me, os beliscões, os hematomas na minha perna”, destacou.

A expulsão de casa e a ameaça de espancamento, porém, foram a gota d’água para que ela decidisse acabar de vez com o relacionamento. “Esses atos vão contra tudo o que nós pregamos”, escreveu. Ela ainda afirmou que se Lucas quisesse mudar, ela talvez reconsiderasse depois de seis meses, mas ressaltou que não acreditava em uma mudança verdadeira do ex-parceiro, optando pelo divórcio.

Ao final da mensagem, ela pediu que ele respeitasse sua decisão e lhe permitisse fazer a mudança de vida. Ela também diz que bloqueou Lucas nas redes sociais e sugeriu que ele falasse com seu advogado para formalizar o divórcio. “Que fechemos esse ciclo em paz”, concluiu.

Veja print da mensagem completa:

Mensagem que Cíntia Chagas enviou a Lucas Bove antes de término (Reprodução)

Cíntia Chagas, que também pediu medida protetiva contra o ex, não quis se pronunciar sobre o caso. O deputado Lucas Bove não retornou as tentativas de contato do portal LeoDias.

‘O tratamento psicológico é crucial’

O Glow News conversou com o psicólogo Alexander Bez, que orientou Cíntia Chagas a buscar tratamento psicológico após ser vítima de violência doméstica por parte do deputado Lucas Bove.

“Quando falamos sobre violência, é fundamental entender que ela não é apenas um traço do caráter da pessoa violenta, mas sim o traço principal. A violência está enraizada na personalidade dessa pessoa. Portanto, é crucial reconhecer que, na realidade, a violência é uma característica dominante do indivíduo, e não algo incidental”, analisa o profissional.

Segundo Alexander Bez, a violência costuma vir acompanhada de dois outros fatores igualmente negativos: o controle e o ciúme possessivo. “Existe até uma máxima na psicologia que menciona o ‘tripé do mal’, composto pela violência, controle e ciúme possessivo. Isso é extremamente relevante para compreendermos a dinâmica da agressão”, destaca.

“A violência está sempre atrelada à agressividade. O comportamento violento de uma pessoa é o que a leva a agir de forma agressiva, o que, novamente, reflete o quanto essa característica está arraigada em sua personalidade. Independentemente de quem seja, de sua condição social, nível educacional ou posição política, a violência não muda. Esse é um ponto que as mulheres precisam entender”, diz o psicólogo.

Tipos de agressão

1. Agressão verbal: caracterizada por ofensas diretas;
2.Agressão psicológica: que envolve humilhação, ofensas e ameaças. Esses elementos constituem outro “tripé do mal”, mas voltado para o aspecto psicológico;
3.Agressão física: evidenciada por hematomas e outros sinais de violência física;
4.Agressão sexual: que pode estar diretamente relacionada aos dois tipos anteriores e frequentemente resulta em fatalidades.

A agressão sexual e a agressão física, se não controladas, podem levar a desfechos fatais, incluindo homicídios. Por isso, a conduta de uma mulher em se afastar de um parceiro violento é uma atitude correta e totalmente apropriada. A violência doméstica, que muitas vezes começa com agressões verbais e psicológicas, pode rapidamente escalar para um desfecho físico, tornando-se o primeiro indício de um possível feminicídio. O toque físico violento é inadmissível e muitas vezes leva a crimes ainda mais graves, como o estupro.

Portanto, a decisão de se separar e buscar proteção é uma escolha acertada, pois pessoas violentas não mudam. Esse é um traço de personalidade que permanece inalterado. A ideia de que alguém agressivo, controlador e possessivo pode mudar é uma ilusão.

Tratamento

Além do tratamento médico para lidar com possíveis lesões, é fundamental realizar um check-up para avaliar a saúde geral da vítima, mesmo que não haja ferimentos aparentes.

O tratamento psicológico também é crucial, incluindo psicoterapia e, em alguns casos, o uso de ansiolíticos ou antidepressivos, pois a violência doméstica pode desencadear ou agravar quadros de ansiedade e depressão. É comum que as vítimas também apresentem transtornos do sono e da alimentação como consequência das agressões.

Denúncia

Outro aspecto importante é a denúncia. Ela faz parte do processo de recuperação e é essencial para garantir a proteção da vítima. A denúncia ajuda na recuperação psicológica e mental, proporcionando um senso de justiça e segurança. Além disso, é fundamental que a mulher entenda que não há volta.

A agressividade é uma característica imutável nesses casos. Mesmo que o agressor apresente uma pausa no comportamento violento, eventualmente ele voltará a explodir, colocando a vida da mulher em risco.

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