Era novembro de 2024, e fiquei bem bravo com Fernanda Torres, por sua recusa em viver Odete Roitman na nova versão da novela Vale Tudo – papel que depois acabou ficando com a querida Débora Bloch. “Caramba, seria surpreendente ver a Fernanda dando vida a esse ícone da teledramaturgia da TV brasileira. Não se dispensa uma oportunidade dessas”, reclamei.
Na época, em entrevistas, a justificativa de Fernanda era se dedicar ao trabalho de divulgação do filme Ainda Estou Aqui, que iria estrear no mês seguinte nos cinemas brasileiros e que, naquela altura do campeonato, a equipe já tinha a validação de muitos críticos renomados ainda mais após o sucesso estrondoso no Festival de Veneza. Ela até tentou mexer em sua agenda, a TV Globo também se movimentou com o intuito de viabilizar a parceria, mas não rolou. Eu que tenho fé, acredito que Deus já sabia das maravilhas que estavam por vir. Naquele momento, sem ter ideia do que o filme retratava, meu único desejo era ter o prazer de ver Fernanda Torres interpretando uma grande vilã na TV, indo muito além do humor. Humor que ela fez por muitos anos e sempre deu show. Humor que, infelizmente, acabou virando perigo. Afinal, por muitos anos, intencionalmente ou não, autores, escritores e diretores mundo afora usaram o gênero para retratar minorias de forma pejorativa, com o objetivo de arrancar risadas. Virou silada, Nanda.
Em 2008, nossa diva brasileira pintou o rosto para interpretar uma pessoa negra em uma esquete humorística no Fantástico. Blackface. Prática racista, usada historicamente para ridicularizar e desumanizar pessoas negras, reforçando estereótipos e exclusão. Mas, por aqui, nessa época, isso, para a maioria, ainda parecia loucura, mimimi.
Mas, nos últimos dias, nossa célebre artista foi enfática ao se retratar e fez questão de se desculpar publicamente sobre o ocorrido: “Naquela época, apesar dos esforços dos movimentos e organizações negras, a consciência sobre a história racista e o simbolismo do blackface ainda não havia alcançado o entendimento do público geral no Brasil. Graças a uma melhor compreensão cultural e conquistas importantes, embora incompletas, neste século, está muito claro, agora, em nosso país e em todos os lugares, que o blackface nunca é aceitável”, ponderou.
Agora, voltemos os nossos olhos para a disputa pela estatueta. Imagina você que não passou sua carreira pensando em um dia ser indicada como uma das melhores atrizes do mundo e, de repente, aos quase sessenta, vira, junto com todo um país, a dona de um assanhado desejo coletivo. Logo você que, com seus papéis desbocados e irreverentes, assumiu riscos incomuns se comparado aos cálculos milimétricos feitos por experientes agentes e empresários em relação aos papéis das famosas atrizes de Hollywood.
A onda de hate contra Fernanda se espalhou nas redes sociais. “A essa altura, levantar uma campanha de desmoralização nas redes sociais é sujo, é imoral”, constatei. Mas, espantem-se: revirar o passado e expor deslizes dos concorrentes ao maior prêmio do cinema mundial não é nada atípico, pelo contrário, quase tradição – algo já esperado. Uma coisa meio que “eleição polarizada” no Brasil. Disputa de torcida de BBB em paredão acirrado, só que em um nível mais “profissional”. Gente do mundo inteiro se organizando em “mutirões” e acionando seu lado CSI.
Em meio a tudo isso, Fernanda tem dezenas de eventos para comparecer, looks para experimentar, trocentas entrevistas para conceder, incontáveis mensagens para responder, telefonemas para atender… Ufa!
Deve estar querendo descanso e completamente E-X-A-U-S-T-A.
Mas, ops. Um susto.
Eis que, na manhã desta terça-feira, dia 28, plena, discreta e belíssima, a atriz surge na primeira fileira da apresentação da Chanel, na semana de alta-costura de Paris. Detalhe: usando um longo escolhido da coleção Métiers d’Art 2025, desfilada no West Lake, em Hangzhou, na China, em dezembro passado.
Então, calma. Não devo me enfurecer tanto com essa onda de haters?
Minha conclusão é que, por hora, é melhor não. Temos pouco mais de um mês pela frente até a realização da cerimônia do Oscar, melhor pensar positivo. O bom senso ainda tem seu lugar. Um ótimo exemplo disso foi o que o respeitado site americano Deadline fez questão de ressaltar, diante de todo o disse-me-disse: “Os grandes prêmios de Hollywood devem ser para o trabalho indicado, e nada mais”.
Mais Paris
Thássia Naves também deu início à temporada de alta-costura pela capital da França. A influenciadora abriu sua agenda com o espetáculo de Schiaparelli, onde Daniel Roseberry apresentou a coleção Icarus, inspirada nas décadas de 20 a 50, trazendo uma releitura sofisticada do clássico para o moderno. A mineira destacou os acessórios deslumbrantes e as modelagens irreverentes, além de elogiar a performance impecável de Kendall Jenner na passarela. Ainda nesta semana, a influenciadora lançará uma collab inédita de après-ski com a marca mineira Galeria Tricot, unindo o charme do inverno à moda brasileira.
Tendência
Helena Bordon também fez seu check-in em Paris para uma luxuosa programação. Nesta terça-feira, dia 28, a empresária e influenciadora marcou presença nos desfiles de Chanel e Giorgio Armani Privé. A coleção da maison francesa trouxe uma releitura do glamour dos anos 1980, com ombreiras marcantes, laços volumosos e silhuetas que brincavam com proporções, ao mesmo tempo explorando a feminilidade clássica tão característica da marca.
Em clima de folia
Lore Improta celebra a temporada do carnaval 2025 com o lançamento de uma coleção exclusiva em parceria com a SHEIN. Inspirada na vibração e alegria da maior festa do Brasil e na leveza do verão, a influenciadora assinou uma seleção com 60 peças que capturam o espírito da estação. Lore é presença garantida no desfile da Unidos do Viradouro, atual campeã carioca, e nos trios elétricos em Salvador ao lado de seu marido, Leo Santana.
Toma lá, dá cá
O pedido de ajuda do presidente Lula ao jovem e promissor prefeito de Recife, João Campos, para melhorar a comunicação do governo, parece ter sido a oportunidade perfeita para ele compartilhar suas demandas. Por um lado, Campos cedeu dois assessores especialistas em redes sociais para trabalhar na recuperação da imagem do governo e do presidente, desgastada após o anúncio de medidas que alterariam as regras de fiscalização das operações com o PIX e, mais recentemente, pela alta nos preços dos alimentos. Por outro lado, preocupado com eventuais reformas ministeriais, o prefeito quis assegurar o espaço do PSB na Esplanada. Segundo a Veja, Campos teria solicitado a manutenção de Alckmin como vice-presidente, caso Lula realmente dispute a reeleição em 2026, além de garantir o controle do partido sobre os ministérios que já ocupa atualmente.
Até amanhã!