Em maio, Kawara Welch, artista plástica de 23 anos, foi presa acusada do crime de stalking contra um médico de Ituiutaba, no Triângulo Mineiro.
De acordo com a vítima, que preferiu não revelar sua identidade, a mulher passou a persegui-lo em 2019. O médico chegou a registrar 42 boletins de ocorrência contra ela.
Ainda segundo o homem, ele conheceu Kawara em 2018, quando a atendeu e ela apresentava problemas de depressão. Ele a atendeu mais duas vezes e a partir daí, ela procurou a clínica onde o médico trabalha e o “stalking” teve o início de uma longa jornada.
O que é “stalking”?
O termo é usado quando uma pessoa persegue outra, pessoalmente ou por qualquer outro meio. Caso a pessoa acusada seja condenada, a pena varia de seis meses a dois anos de prisão. Recentemente, a série ‘Bebê Rena’, na Netflix, fez sucesso por contar a história de Richard Gadd, humorista que alega ter sido vítima de uma mulher que o perseguia.
Em entrevista ao Fantástico (Globo), o médico contou que Kawara lhe enviava várias fotos perturbadoras, com lençóis e cordas amarrados no pescoço.
“Ela chegou a me passar 1.300 mensagens em um dia. E mais de 500 ligações num único dia. Eu troquei de número de celular umas três ou quatro vezes, mas parei de trocar porque vi que era totalmente inútil. Ela tinha uma facilidade incrível em achar meu número novo”, contou.
De acordo com o advogado da mulher, Jean Fillipe Alves, existem provas de que ela e a suposta vítima tiveram um relacionamento, e que tudo teria sido descoberto pela esposa dele.
“Temos um arcabouço de provas que mostra a evidente relação dos dois. Ela não consegue ficar longe dele porque ele sempre vai atrás dela, dizendo que a ama e colocando a família
como impedimento para eles ficarem juntos”, disse o advogado. O médico, porém, nega as alegações do profissional.
“Nós acreditamos não houve esse relacionamento. E, mesmo se houvesse, não justifica de forma alguma esse tipo de ação, esse tipo de conduta da Kawara”, afirmou o delegado Rafael Faria.
Kawara tentou ser atendida pelo médico na clínica, mas, ele pediu à direção do hospital para que outro profissional a atendesse e com isso, as ameaças teriam aumentado, já que, segundo ele, ela dizia que contaria para sua família sobre o relacionamento que eles tinham, além de ligar constantemente para a mulher e o filho de 8 anos do casal.
Fora isso, o médico diz que, em 2022, a mulher invadiu o consultório onde uma paciente era atendida, quando houve troca de agressões com a esposa dele.
Um ano depois, ela invadiu o local novamente, desta vez, fazendo acusações de roubo, o que gerou mais um registro de ocorrência. Na época, a jovem foi presa, e foi liberada após pagar fiança de R$ 3,5 mil uma semana depois, passando a responder ao processo em liberdade.
Em março de 2023, a Justiça determinou a prisão preventiva dela por continuar enviando mensagens ameaçadoras ao médico. Kawara ficou mais de um ano foragida e acabou sendo presa no início de maio, numa faculdade em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, onde estudava nutrição.
“A defesa nunca teve a oportunidade de se explicar de maneira devida. Em outra oportunidade foi determinado que houvesse uma acariação onde eles fossem colocados cara a cara, o que nunca aconteceu. A própria Kawara disse que prefere ficar presa do que prejudicar o médico e por isso resguarda muitas provas contra ele”, afirmou o advogado da suspeita.