Um monge transgênero americano se assumiu transgênero e tomou uma decisão radical. Ele disse que sua intenção é ajudar a Igreja a entender a realidade da transição de gênero, de acordo com reportagem de Iacopo Scaramuzzi, publicada por Repubblica, 22-05-2024.
Christian Matson, escreve Jack Jenkins no portal de notícias Religious News Service, se declarou transgênero publicamente com a autorização do seu bispo, Dom John Stowe, da Diocese de Lexington, Kentucky, um dos prelados dos EUA abertos à comunidade LGBT+.
“Devemos nos levar em consideração, porque Deus nos chamou para a Igreja”, afirmou Christian Matson. “Não é a tua Igreja que nos manda embora, é a Igreja de Deus e Deus nos chamou e nos inseriu nela”, continuou.
De acordo com o documento de 2000 da então Congregação para a Doutrina da Fé, quando o Papa João Paulo II era pontífice, uma pessoa transexual não pode ser admitida ao sacerdócio, ao casamento ou ao ingresso em uma ordem religiosa, e a transição de gênero também não deve ser registrada nos registros de batismo.
Matson afirma que ficou decepcionado ao ler outro documento, porém, a instrução “Homem e mulher ele os criou”, publicada em 2019 quando o Papa Francisco já era papa, pela Congregação para a Educação Católica, critica o “reconhecimento público da liberdade de expressão” da escolha do gênero.
Matson tem 39 anos e nasceu em uma família presbiteriana, converteu-se ao catolicismo depois de passar pela transição médica de gênero na faculdade. Após concluir o doutorado em teologia, explorou a vida religiosa. Os jesuítas rejeitaram-no, tal como outras comunidades religiosas. Matson então consultou um canonista que lhe explicou que, de acordo com a Igreja, ele estaria proibido tanto do casamento quanto do sacerdócio, mas não de fazer votos como eremita, porque, nas palavras do próprio monge, “não há problema, desde que haja ‘um bispo que te aceite, porque não há distinção de sexo e você não está em uma comunidade, você está sozinho”.
Então, em 2020, Matson mandou um pedido ao bispo de Lexington, que o atendeu prontamente. Já em 2021, por sugestão do próprio bispo, fez um período de formação no noviciado beneditino, tornando-se oblato secular. Em 2022, o monge fez votos como eremita diocesano e no ano seguinte iniciou uma vida de eremitério, passando metade do dia em oração e a outra metade engajado no trabalho artístico que já havia começado nos anos anteriores, quando fundou uma casa de retiros espirituais para artistas em Nova York.
Este ano, finalmente, Matson decidiu se assumir. “Não posso ficar de braços cruzados e permitir que uma compreensão falsa e, por vezes, culpadamente ignorante, do que significa ser transgênero continue a magoar as pessoas”, disparou ele.
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