Mariana Michelini, de 35 anos, virou assunto na mídia nesta semana após expôr um dos momentos mais difíceis de sua vida: em 2021, ela perdeu parte dos lábios após fazer um preenchimento com PMMA sem seu consentimento.
Ela está em processo de reconstrução facial depois de ter acreditado que o produto injetado pela profissional era ácido hialurônico.
Seis meses depois do procedimento, uma reação do organismo fez com que os seus lábios, em especial, ficassem inchados. “Mesmo fazendo pequenas remoções, a substância estava se movimentando e foi quando descobri que eu precisaria realizar uma cirurgia”, disse Michelini em seu relato.
O dermatologista Dr Carlos Roberto Antônio é especialista em casos com pmma (polimetilmetacrilato, conhecido popularmente por acrílico) e foi o primeiro médico a ter contato com Mariana. Ele explicou que casos como esse costumam aparecer uma vez a cada seis meses e, frequentemente, são graves.
“O PMMA não é a única substância que pode trazer problemas para um paciente, mas são sempre os casos mais difíceis de resolver. A diferença é que as outras, como o hialurônico, são facilmente retiradas e dão errado não pela substância, mas sim pela técnica do profissional e a forma errada de aplicação. Para nós, dermatologistas, o pmma é um verdadeiro vilão. O corpo ataca essa substância e destrói toda a área, assim como foi o caso da Mariana”, explica Carlos.
O Dr Alberto Goldman, cirurgião plástico, que também cuida do caso da jovem, conta, com detalhes, o que é o PMMA.
“É uma substância sintética, portanto, artificial, e que pode ser utilizada para finalidades estéticas, principalmente em preenchimento na face ou no corpo. É um acrílico, produzido em laboratório, que tem seu uso liberado pela Anvisa para casos muito específicos, como pacientes com HIV+, que apresentam perda de volume. Por ser sintético, é permanente. Então, a não ser que se tente retirar, ele vai permanecer ali durante toda a vida. ‘É diferente do ácido hialurônico, que é temporário”.
A retirada do produto, segundo Goldman, é sempre um desafio. “Essa substância se adere aos tecidos e isso dificulta muito, e existem opções variadas. A primeira é tentar tratar clinicamente e, se não melhorar, temos as opções cirúrgicas, através de uma cirurgia aberta, ou laser, algo que somos pioneiros. Esse laser tenta quebrar o produto rígido em pequenos pedaços, posteriormente aspirados do organismo. Nunca, independente da técnica, se consegue remover todo o produto”.
Antes da cirurgia, Mariana Michelini tentou, por 15 meses, fazer a remoção com o Dr Carlos Roberto Antônio.
“Nesses meses todos, tentei evitar a cirurgia, até que não teve jeito. Tirei alguns fragmentos, pequenos pedacinhos, até que a cirurgia foi a melhor indicação. Além de tudo, seria a solução para amenizar a dor. Pessoalmente, é muito difícil ver uma mulher perder, aos poucos, a autoestima. Agora a Mari está na fase de reconstrução, que será feita aos poucos, com calma, e pode demorar alguns anos. Depois, eu volto a tratar das cicatrizes dela, o que demora por volta de nove meses até conseguirmos um bom resultado”.
A reação inversa ao PMMA pode acontecer até 30 anos depois da aplicação. “O procedimento pode ter dado certo hoje e, algum dia depois de 20 ou ainda mais tempo, o seu organismo reagir contra essa substância. É imprevisível”, finalizou o Dr Carlos Roberto Antônio.
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