Marjorie Estiano falou sobre a paixão de Selton Mello por ela. O ator revelou, recentemente, no programa Altas Horas, que caiu de amores pela artista ao longo das gravações de Ligações Perigosas.
“Eu me apaixonei pela Marjorie fazendo essa série”, confessou ele no programa de Serginho Groisman. “Ele me disse isso no programa, eu não soube na época. Mas o Selton é assim. Trabalhei com ele duas vezes, e a sensação é que o conheço muito. A gente é brother. É humano, acessível, complexo, contraditório, honesto. É muito bom trabalhar com pessoas que você admira”, afirmou ela em entrevista ao jornal O Globo.
Marjorie também explicou o motivo para evitar compartilhar sua vida pessoal nas redes sociais: “Tem a ver com temperamento, sou mais reservada mesmo. Também é a condução de carreira. Os trabalhos que faço, personagens que desenvolvo e dialogar sobre esses temas é muito mais interessante do que falar sobre com quem estou namorando. Prezo minha intimidade”.
“Não tenho nem o hábito de tirar foto. Tenho registros porque os outros tiram. Não vivo com o celular mão, tenho uma relação com as redes mais de voyeur. Acho interessante ver como uma pessoa vive no campo. Entrar na vida de algumas pessoas me interessa enquanto espectadora, mas não como criadora de conteúdo. Também é um lugar de pesquisa de mundos. Minha pesquisa sobre câncer de mama para a Carolina [personagem dela em ‘Sob Pressão’] foi toda digital. Mulheres dividiam suas experiências com o desejo de amparo, de se reconhecer numa rede”, disparou a atriz.
No elenco de ‘Ainda Estou Aqui’, filme de Walter Salles escolhido para representar o Brasil no Oscar, a Marjorie falou sobre o set de filmagem, conduzido por Walter, e ao lado de Fernanda Torres e Fernanda Montenegro.
“Nunca tinha vivido uma filmagem com tanto tempo e disponibilidade para aquela cena de que participo. Geralmente, é um processo atropelado pela pressão do tempo, de cumprir plano de filmagem. Com Walter, era todo o tempo do mundo para aquele momento. Trabalhar com ele era um sonho. Todo mundo conhece a profundidade, a delicadeza do cinema que realiza. Com Fernanda Torres e Montenegro também. Era um set atencioso, delicado e muito silencioso. Walter não fala com você do monitor, ele chega perto. Ele entregou um material extenso de pesquisa. Normalmente, é o ator que se encarrega disso”, declarou.
Marjorie é a intérprete da filha mais velha de Eunice e Rubens Paiva, Eliana, presa com a mãe pela ditadura militar que matou seu pai. “Eliana não perdeu só o pai. Se separou da família inteira, ficou isolada naquela experiência da prisão. Foi uma cisão. Vi uma entrevista dela na inauguração do Museu da Resistência, em São Paulo, que conta a história da ditadura, dos presos. Disse que cada um da família tinha vivido o luto, o encerramento da história do pai em momentos distintos. E que tinha conseguido entender a história dela naquela inauguração do museu. A força da narrativa enquanto processo analítico, psicanalítico, de se conseguir passar pelo que viveu, é forte demais”.
Fazer o filme trouxe à artista “um resgate da história do país que eu só tinha passado na escola”. “Os crimes da ditadura são de um impacto perpétuo, permanente. E ainda se volta a flertar com isso… Daí a importância de voltar a falar sobre e com a intimidade que o cinema traz. O dia a dia daquelas pessoas, a violência que sofreram e o impacto na vida delas dão chance de compreender por outro canal. Quando é número, estatística fica meio bruto, passa batido. Quando é a história de cada um, a chance de se abrir para compreender de forma mais sensível e empática é maior”, disparou ela.
“Se a gente não resgata o que viveu não só historicamente e politicamente, mas pessoalmente, não tem chance de deslocamento. Fica estagnado num lugar que, às vezes, acha que para superar é só ir adiante, não tocar no assunto. Mas aquilo volta. Essa ideia de que a ditadura foi boa para o país acabou voltando. Não só no Brasil, mas no mundo inteiro tem se flertado com a ideia do autoritarismo enquanto algo saudável para a sociedade”, completou Marjorie.