Isabel Veloso (Reprodução/Instagram)

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Isabel Veloso: Especialistas explicam sobre a gravidez em pacientes com câncer

A influenciadora anunciou que está esperando o primeiro filho com o marido e dividiu opiniões na web

No último fim de semana, a influenciadora Isabel Veloso, que é portadora de Linfoma de Hodgkin (um tipo de câncer do sangue que se origina no sistema linfático), anunciou que está grávida do primeiro filho com o marido Lucas Borbas.

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Isabel foi diagnosticada com a doença em 2021, quando tinha 15 anos. Na época, ela fez quimioterapia, transplante de medula óssea, e anunciou a remissão da doença em 2023. Contudo, o câncer voltou três meses depois, de forma mais agressiva.

A influenciadora descobriu que seu câncer era incurável e recebeu uma expectativa de vida de quatro a seis meses. Isabel tem um tumor de 17 centímetros, localizado próximo ao coração e entre os dois pulmões, mas em abril deste ano ela anunciou que o crescimento do tumor estava estabilizado.

“Fui fazer uma tomografia e estou bem feliz com o resultado, mostrou que o tumor está estabilizado no crescimento, ainda está pequeno, está dando certo, quem sabe fico mais tempo por aqui. Estou muito feliz com isso”, disse na ocasião.

O anúncio da gravidez levantou muitas questões sobre a gestação em pacientes que, como Isabel Veloso, estão em cuidados paliativos contra o câncer.

Os especialistas Daniel Gimenes, oncologista da Oncoclínicas São Paulo, e Maria Cecília Erthal, especialista em reprodução assistida do Vida Centro de Fertilidade, unidade do FertGroup no Rio de Janeiro, conversaram com a revista Quem sobre as particularidades de uma gravidez em alguém com o diagnóstico de Isabel Veloso.

É contraindicado engravidar neste caso?

Para essa pergunta, ambos os profissionais declararam que não. “O fato de ela estar em cuidados paliativos não contraindicaria a gravidez. Não é o período ideal para ela estar grávida, sem sombra de dúvida, mas não existiria uma contraindicação formal.”, pontuou Maria Cecília.

“Não é contraindicado, eu diria. É uma questão ética/bioética, pessoal. Mas, contraindicado do ponto de vista médico, não. A questão é que a paciente tem que saber dos riscos que ela tem, qual a expectativa de vida, que essa expectativa de vida é uma probabilidade, não uma certeza, pode viver menos, pode viver muito mais. Então, tudo isso precisamos colocar na mesa e deixar bem claro que o médico não é o dono da verdade. A verdade é o dia a dia que irá acontecer, o viver um dia após o outro.”, afirmou Daniel Gimenes.

É possível engravidar sendo portadora de câncer em estágio terminal ou em cuidados paliativos?

“Possível engravidar é, mesmo uma paciente em cuidados paliativos. Mas ela precisa ter a função ovariana preservada, o que, nesse contexto, é muito difícil de ocorrer. Porque a maioria das pacientes que está em cuidados paliativos já tem os ovários muito comprometidos pelo efeito de vários regimes de quimioterapia, eventualmente já até operou o ovário para ver se no caso de câncer de mama, por exemplo, eventualmente luminal (aqueles sensíveis a hormônios), precisa fazer esse tipo de estratégia, e essa paciente já está infértil. Então, possível é, mas não é fácil.”, esclareceu o oncologista.

Já a especialista em reprodução assistida trouxe à tona a questão da idade. Isabel Veloso, por exemplo, tem apenas 18 anos. “É possível, sim, engravidar naturalmente estando em um estágio avançado de uma neoplasia maligna (câncer). Mas, na realidade, isso dependerá muito mais da idade da mulher. Mulheres jovens têm fertilidade ainda comprovada e engravidam com uma certa facilidade, independentemente do estágio do câncer.”, disse.

Quais são os riscos de uma gravidez neste caso?

“A mãe, que está fazendo o tratamento paliativo e optou por suspendê-lo, que está atuando em uma melhor qualidade e expectativa de vida, pode se prejudicar. Mas, uma vez que ela está ciente e desejou ser mãe, tudo bem. Para o bebê, de fato, é uma gestação de risco, em que a mãe pode sucumbir e a gravidez ser interrompida. Esse é o maior risco para o bebê. Com exceção do primeiro trimestre, muitos tratamentos podem ser oferecidos para a mãe, e que não irão atrapalhar na saúde do bebê. Nós sabemos que hoje existem vários quimioterápicos que são ofertados com segurança em uma gestante. Mas reforço: no primeiro trimestre, nenhum tratamento oncológico é permitido. A partir do segundo trimestre, o arsenal oncológico aparece, mas também tem limites. Mas, de forma geral, os riscos são para ambos.”, declarou Daniel.

Segundo Maria Cecília Erthal, boa parte dos problemas se daria pelos hormônios que são produzidos durante a gravidez, que suprimem o sistema imunológico da mãe, deixando-a ainda mais vulnerável e mais suscetível à progressão da doença.

“Se ela já está com uma doença avançada, em que seu sistema imunológico já esteja comprometido pela doença, a gestação agravará esse quadro. A gravidez é de altíssimo risco, mas dependerá de como o organismo dela reagirá.”, afirmou a médica.

“O maior risco, nesse caso, tanto para a mãe quanto para o bebê, é o agravamento da doença. Se ela já está em uma fase muito avançada, em estágio de cuidados paliativos, ela e o bebê podem vir a óbito, então isso representa o maior risco que essa gestante terá durante esse período.”, completou.

Fatores psicológicos

Maria Cecília Erthal também ressaltou que uma gravidez em uma paciente em cuidados paliativos pode aumentar sua vontade de viver e lhe dar mais forças para lutar contra a doença.

“Temos que lembrar que, apesar de um prognóstico ruim, muitas vezes a gestação é o que dará para ela a esperança de estar viva. E muitos pacientes quando têm esperança, quando têm mais vontade de viver, conseguem superar um monte de obstáculos, e ter melhoria no seu quadro evolutivo. É uma coisa que tem que ser pensada, e pode ser que essa gestação represente um divisor de águas na vida dessa moça.”, afirmou.

Cuidados extras

Ainda assim, a especialista ressaltou que alguns cuidados a mais devem ser tomados nesses casos. “Provavelmente esse parto deve ser agendado, o mais precoce possível, assim que o bebê tiver viabilidade para viver fora do útero, para que ela tenha a chance de voltar ao tratamento, com quimioterapia e drogas mais modernas, que não podem ser usadas durante a gestação, e, ao mesmo tempo, salvaguardar a saúde e o bem-estar do bebê aqui do lado de fora, sem estar expondo a essas medicações. Não sabemos em relação à cura, mas também pensando no bebê.”, pontuou.

Influenciadora com câncer em estado terminal anuncia gravidez e divide opiniões na web