Um homem de 23 anos foi acusado de solicitar R$ 20 mil do ex-patrão e extorquir R$ 7,5 mil para não expor informações sigilosas de uma empresa de alta perfumaria em Santos, no litoral de São Paulo. De acordo com o g1, ele já teve um caso amoroso com o dono da companhia, ficou indignado ao ser demitido.
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O rapaz foi preso em flagrante no dia 1º de novembro, depois da vítima dizer à Polícia Civil que encontraria o ex-funcionário em um shopping da cidade para entregar os R$ 7,5 mil (que foi o valor acordado entre eles). Os agentes foram ao local, fizeram a prisão e recuperaram o dinheiro, que foi devolvido ao empresário.
No dia seguinte, o suspeito foi liberado em audiência de custódia, sob fiança no valor de dois salários-mínimos (correspondente a aproximadamente R$ 2,8 mil). Depois de deixar a prisão, ele voltou a fazer ameaças.
O homem atuava como assistente administrativo na empresa, que tem cinco lojas na Baixada Santista. De acordo com o dono da empresa, o suspeito tinha sido contratado em março, mas foi demitido por volta de outubro por mau comportamento.
A vítima contou que as ameaças começaram no dia da demissão. Segundo o empresário, a irmã dele foi a primeira a receber ligações do rapaz. “Depois ele falou que o problema era pessoal comigo”. O rapaz disse ter recebido mensagens e ligações de madrugada, nas quais eram cobrados R$ 20 mil para não “colocar a boca no trombone”. Nas ameaças, o suspeito teria dito que destruiria a empresa e a vida do dono.
“Só que eu nunca fiquei preocupado porque ele não tinha o que falar. A empresa trabalha com a verdade, com a transparência, com sinceridade. Eu não tenho e nunca tive medo de nada”, afirmou o empresário. O acusado disse ao g1 que não vai se manifestar sobre o assunto.
Ainda segundo o empresário, a situação mudou quando o suspeito enviou um e-mail para diferentes setores de um dos fornecedores mais importantes da empresa. “Um e-mail gigantesco inventando falácias, atrocidades sobre coisas que eu nunca fiz na vida”.
O empresário declarou que o fornecedor trabalha com ele há mais de cinco anos e, por isso, ignorou a mensagem do ex-funcionário. Contudo, a situação causou preocupação. “Para mim, foi um indício de que o garoto era perigoso. Então fui até a polícia”, declarou o homem, que registrou um boletim de ocorrência (BO) de extorsão no dia 29 de outubro.
“Se ele tinha algum problema comigo, que abrisse um processo cível contra mim ou contra a empresa. Mas como ele não tinha nada, não tinha poderes para nada, então só tinha coisas para difamar, para inventar, falando que eu vendia perfumes falsificados, falando que eu misturava coisas. Eu tenho uma carreira muito sólida, graças a Deus”, disparou.
O ex-funcionário mandou e-mail com o mesmo teor para outro fornecedor três dias depois. Por esse motivo, o empresário procurou mais uma vez a Polícia Civil e o delegado sugeriu um plano para fazer um flagrante contra o suspeito.
O plano para prisão do suspeito
O empresário combinou com o ex-funcionário de pagar parte do valor que ele queria, marcando encontro em um shopping de Santos. No local, o dono do estabelecimento levou um envelope com dinheiro e ficou posicionado próximo de policiais que estavam à paisana.
O acusado surgiu no horário marcado, pegou o dinheiro e ainda debochou do ex-patrão, indo até a loja em que trabalhava para mandar beijos aos funcionários. “Ele me fez uma pergunta: ‘Se você é tão correto como disse e não está com medo das ameaças, por que está cedendo à minha extorsão?’. Então eu respondi que daqui a pouco ele entenderia”, disse o empresário.
Em sequência, a equipe policial do 7º Distrito Policial (DP) fez a prisão em flagrante do jovem. De acordo com a Polícia Civil e divulgado pelo g1, ele foi abordado com R$ 7,5 mil em espécie, confessando o crime e sendo levado à delegacia.
O empresário imagina que, além da indignação por causa da demissão, o suspeito fez as ameaças por motivação amorosa. Isso seria porque o dono da empresa chegou a sair com o homem antes de contratá-lo. “A gente dava uns beijos, saía de vez em quando, mas a gente nunca teve absolutamente nada”, disse, declarando que o acusado chegou a citar uma viagem dos dois quando foi interrogado a respeito do motivo das ameaças.
Durante a viagem, o rapaz teria falado sobre estabelecer um compromisso, mas o empresário teria respondido que prezava pela amizade dele e, inclusive, estava conhecendo outra pessoa. “Ele disse que se sentiu trocado, só que eu nunca tive nada com ele. Então, tem um lance meio passional envolvido, mas é muito mais desvio de caráter ou algum problema psiquiátrico do que passional”.
Ameaças e Justiça
O rapaz foi preso em 1º de novembro, mas foi liberado em sequência. Ainda de acordo com o empresário, em dia 3, ele voltou com a perseguição. A vítima disse que o homem demitido fez um grupo no WhatsApp com outros profissionais da empresa e realizou novas denúncias falsas. Uma delas era que o empresário não repassava o dinheiro preciso para funcionários.
De acordo com o dono da empresa, o grupo tinha antigos e novos profissionais. “Fiquei nervoso com aquilo, ‘printei’ tudo novamente, passei para minha advogada e fomos novamente na delegacia fazer o terceiro B.O.”, disse.
O boletim de ocorrência estava sendo registrado no dia 4 de novembro, outro fornecedor da empresa também disse que tinha recebido as mensagens do ex-funcionário.
Dessa forma, a empresa de alta perfumaria fez uma nota de esclarecimento sobre o acontecido. A nota foi enviado para funcionários, fornecedores, lojistas e administrações dos shoppings nos quais ficam as lojas da empresa.
Contudo, o empresário teme pela própria vida. “A minha preocupação hoje é com a minha segurança, minha vida pessoal. Eu não tenho medo de nada do que ele possa fazer contra a minha empresa, porque ele não tem poder para isso”.
O dono da empresa garantiu que irá lutar por justiça, pois, de acordo com ele, é um caso sério que deve servir de alerta para outros comércios. “Montei meu nome pautado nos meus princípios, nos meus valores, e veio alguém querer destruir a minha vida e o meu negócio”, declarou.
Ele também disse que não desistirá da empresa, principalmente pelos outros funcionários. “Tenho mais de 40 pessoas empregadas direta e indiretamente recebendo, famílias que dependem desse negócio que eu construí. […] Isso não vai ruir por conta de uma pessoa que trabalhou meros seis meses, não chegou nem a completar sete meses, e ficou enfurecido porque foi demitido”.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) disse que o homem foi preso em flagrante no dia 1º de novembro por extorsão “realizando ameaças e solicitando uma quantia em dinheiro de seu antigo chefe”.
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) afirmou que o suspeito foi liberado sob fiança de dois salários mínimos em audiência de custódia no dia 2 de novembro. Contudo, ele vai precisar cumprir as seguintes medidas cautelares: Compromisso de comparecer a todos os atos do processo, comparecimento bimestral em juízo para informar e justificar atividades e proibição de ausentar-se da comarca ou mudar de domicílio sem prévia autorização do juízo.
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