Boninho pode trazer 'Casa dos Artistas' de volta para o SBT (Divulgação)

Televisão

EXCLUSIVO: Boninho “define” dupla de apresentadores para programa no SBT e encontra entraves para volta da ‘Casa dos Artistas’.

Os bastidores do canal da Anhanguera estão movimentados com possíveis novidades para 2025

Boninho deixou a TV Globo após 40 anos. A saída, bem costurada com a família Marinho, fez com que, recentemente, o icônico ex-diretor do Big Brother Brasil anunciasse um novo capítulo em sua carreira: ele abrirá uma produtora, em parceria com Julio Casares, presidente do São Paulo Futebol Clube, em 2025.

Acontece que, nos últimos dias, uma “visita de cortesia” do diretor, nas dependências do SBT, aqueceu os rumores de que ele pode estar com negociações avançadas com o canal.

Boninho percorreu por alguns estúdios e instalações do SBT, incluindo estruturas, atualmente, inoperantes, que poderiam ser aproveitadas para os novos programas. Entre as possibilidades ventiladas está o retorno de programas como o Vem pra Cá – atração apresentada por Patrícia Abravanel e Gabriel Cartolano, entre 2021 e 2022 – e, a mais surpreendente, uma suposta volta da Casa dos Artistas.

O reality, comandado por Silvio Santos no começo dos anos 2000, foi um marco na televisão brasileira, que atraiu milhões de telespectadores e bateu recordes de audiência.

Mais cedo, conversei com uma fonte que me explicou que Boninho já tem escolhida sua dupla de apresentadores para o programa das manhãs e que, inclusive, usou fortes argumentos ao defender sua sugestão. O acordo com o SBT ainda não está fechado, mas o ex-Big Boss foi enfático em dizer que a nova atração de variedades precisa ter um nome muito forte do jornalismo, para conseguir transmitir credibilidade para telespectadores e para o mercado publicitário, justamente, com intuito de atrair grandes marcas. Boninho disse que não existe melhor nome disponível que seu ex-colega de Globo, Carlos Tramontina.

Sobre Ana Furtado, o diretor fez questão de enfatizar, em uma conversa informal, que vê nela um extremo preparo para esse tipo de formato, e destacou que, na época do Encontro com Fátima Bernardes, o índice de aceitação da sua companheira era altíssimo, não apenas entre os telespectadores, mas com anunciantes. Segundo o diretor, muitas marcas mantinham suas ações comerciais no matinal da Globo, mesmo nos períodos em que a ex-âncora do Jornal Nacional estava de férias ou de folga, e era substituída por Ana.

O ex-diretor do Big Brother Brasil citou situações em que Fátima precisou se ausentar, e Ana conseguiu elevar os índices de audiência. Boninho ainda revelou que, na época da reformulação do Encontro, em 2022, uma pesquisa foi feita pela TV Globo, e que Ana Furtado foi super bem-avaliada para substituir Fátima.

A “Casa dos Artistas” volta mesmo?

Exibida pela primeira vez em 2001, a Casa dos Artistas surpreendeu o público com seu formato de reality show de confinamento. Inspirado no formato do Big Brother – cujos direitos a Globo compraria apenas em 2002 – o reality do SBT se destacava por colocar celebridades em uma casa isolada, criando conflitos e alianças que cativaram o público. O programa marcou altos índices de audiência, chegando a superar a Globo em vários momentos e estabelecendo uma audiência fiel.

A Endemol, empresa detentora dos direitos do formato Big Brother, processou o SBT, alegando que o programa era uma cópia não autorizada do reality, cujo contrato de exclusividade havia sido firmado com a Globo. Como resultado, a Justiça determinou a suspensão temporária do Casa dos Artistas, mas Silvio Santos conseguiu reverter a decisão e finalizar a temporada. Depois da exibição de três temporadas, em 2002, no entanto, ficou decidido o direito da Globo sobre o formato original, impossibilitando a retomada do Casa dos Artistas nos moldes iniciais.

Mais de vinte anos depois, descobri que essa comentada possível volta da “Casa dos Artistas”, pelo público, ainda enfrenta uma série de entraves. Boninho, inclusive, desde a visita ao SBT, se diverte quando alguém pergunta para ele sobre esse assunto, mas, para os mais chegados, não esconde que é algo desafiador para conseguir viabilizar.

O orçamento de arrancada para este tipo de formato é altíssimo, e a emissora teria que procurar um parceiro de alto nível para conseguir montar a estrutura necessária, com equipamentos de áudio e vídeo que são muito caros, estar disposta a pagar salários acima da média para ter uma equipe experiente e, claro, montar uma infraestrutura de uma “residência” nos moldes da casa do BBB. Fazer um reality em uma casa de verdade, como aconteceu nos anos 2000, é algo inviável nos tempos atuais. Dentro do próprio SBT, apostar alto em um reality de confinamento também não é uma unanimidade. Há quem avalie que o formato está saturado.

A recente edição de “A Fazenda”, por exemplo, enfrenta dificuldades para engajar o público. Com uma média de apenas 5,7 pontos na Grande São Paulo, a atração rural da Record teve seu pior desempenho histórico, mesmo com o tradicional pacote de brigas.

Porém, o maior desafio continua sendo em relação ao formato, que pertence à Endemol. A Globo detém, até 2027, os direitos para a produção do Big Brother Brasil, que se consolidou como o principal reality show de confinamento do país e um produto estratégico para a emissora. Isso significa que qualquer tentativa de reviver o Casa dos Artistas no SBT teria que se distanciar das principais características que popularizaram o programa em 2001. Boninho e o SBT teriam que reimaginar a estrutura do Casa dos Artistas de forma criativa e única para contornar restrições legais e evitar comparações diretas.

Em 2004, Silvio Santos tentou reviver o Casa dos Artistas com uma edição chamada “Protagonistas de Novela”. A ideia era transformar o reality show em uma espécie de competição para atores, onde os confinados eram aspirantes a estrelas da televisão, disputando a oportunidade de ganhar visibilidade e um papel de destaque em uma novela do SBT. No entanto, não atingiu o mesmo sucesso, e o público não se engajou com o formato. Nesse ano, a Globo também tentou algo similar em relação ao BBB. Como eu havia antecipado, com um repasse financeiro avaliado pelo alto-escalão do canal como exorbitante para uso do formato, Boninho e Marcelo Dourado criaram o “Estrela da Casa”, usando o mesmo espaço físico e formato que une confinamento e música. Se desse certo, a atração teria chances de substituir o Big Brother. A adaptação acabou fracassando.

O ponto é que minha fonte avalia que, apesar de todos os obstáculos, um retorno da “Casa dos Artistas”, com a assinatura de Boninho, com certeza pode mexer com o mercado. Com sua vasta bagagem de 24 anos à frente do Big Brother Brasil, ele sabe como fazer do reality um produto atrativo e rentável. Grande parte dos patrocinadores que anunciaram no BBB sempre destacam a força da entrega do programa e a criatividade de Boninho e seu time nas ativações em provas, festas e ações especiais. No mercado, isso pode gerar uma grande expectativa em torno das ideias que o diretor poderia implementar. Vamos aguardar.

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