Mohamed Al-Fayed foi acusado de ter estuprado pelo menos cinco mulheres que trabalhavam na Harrods, uma loja de luxo de departamento de Londres da qual o magnata egípcio era dono. A BBC colheu depoimentos de mais de 20 ex-funcionárias do estabelecimento que apontaram agressões sexuais por parte do empresário, que morreu em setembro de 2023 aos 94 anos.
De acordo com a Forbes, o bilionário tinha uma fortuna estimada em US$ 2 bilhões (R$ 10,9 bilhões, na cotação atual). Al-Fayed era pai de Dodi Al-Fayed, namorado da princesa Diana morto no mesmo acidente que causou o falecimento da mãe dos príncipes William e Harry.
As declarações das ex-funcionárias fundamentaram o documentário “Al-Fayed: Predator at Harrods”, que em tradução livre, quer dizer: Al-Fayed: Predador na Harrods. De acordo com a BBC, a loja de luxo não apenas agiu para impedir os abusos sexuais, como também atuou para encobrir os casos. Os donos da Harrods falaram à rede britânica que estavam “completamente chocados” com as argumentações e pediram desculpas ao staff. “A teia de aranha de corrupção e abuso nesta empresa era inacreditável e muito sombria”, afirmou o advogado Bruce Drummond, que representa diversas ex-funcionárias, à BBC.
Segundo a rede britânica, os abusos descritos aconteceram em Londres, Paris, St Tropez e Abu Dhabi. Uma dessas mulheres falou que era adolescente quando foi violentada por Al-Fayed. O bilionário foi alvo de denúncias enquanto ainda era vivo, mas não nessa proporção. “Mohamed Al-Fayed era um monstro, um predador sexual sem nenhuma bússola moral”, declarou uma das vítimas, segundo ela os funcionários da Harrods eram tratados como “brinquedos” do bilionário.
O magnata iniciou sua carreira em Alexandria, no Egito, vendendo refrigerantes. Então, casou-se com a irmã de um milionário traficante de armas saudita, com sua ajuda começou a construir seu império. Ele se mudou para o Reino Unido em 1974 e assumiu a chefia da Harrods em 1985. Nas décadas que vieram depois, consolidou uma figura pública vista como “agradável”, que está em diversos programas de televisão do horário nobre, ao contrário da pessoa “vil” descrita por suas ex-funcionárias.
Al-Fayed faleceu quase 26 anos depois da morte de Dodi e Diana em Paris, que aconteceu em 31 de agosto de 1997. A informação foi confirmada ao jornal O Globo pela família dele. Além de dono da Harrods, ele também foi proprietário do clube de futebol britânico Fulham até 2013. O clube lamentou a morte do bilionário em nota, declarando que o clube tinha uma “dívida de gratidão com Mohamed pelo que ele fez”.
“Todos no Fulham ficamos extremamente tristes ao saber da morte do nosso antigo proprietário e presidente, Mohamed Al Fayed. Temos uma dívida de gratidão com Mohamed pelo que ele fez pelo nosso Clube, e os nossos pensamentos agora estão com a sua família e amigos neste momento sombrio”, declara o comunicado.