William Bonner (Reprodução/Globo)

William Bonner (Reprodução/Globo)

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Especialista sobre golpe que voltou a utilizar a imagem de William Bonner: ‘Pode entrar com um processo’

O âncora do 'Jornal Nacional', da Globo, teve sua imagem e voz alteradas em um vídeo que circula nas redes sociais

O jornalista William Bonner, 60 anos, voltou a ter seu nome envolvido com golpistas da internet. O quadro “Fato ou Fake”, do portal G1, mostrou que o âncora do ‘Jornal Nacional’, da Globo, teve sua imagem e voz alteradas em um vídeo que circula nas redes sociais. O tipo de tecnologia chamada deepfake convida o internauta a clicar em um link e conferir se ele tem direito a uma suposta indenização por vazamento de dados.

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O vídeo, contudo, não passa de uma fraude financeira, pois, neste caso, a voz de William Bonner foi criada com inteligência artificial. Assim, o golpe ocorre quando o site cobra o pagamento de uma taxa chamada “imposto de saque” para que a pessoa supostamente receba o dinheiro.

A fraude foi descoberta porque o vídeo original foi publicado nas redes sociais do “Jornal Nacional” para anunciar uma nova série especial—nada a ver com o site falso.

No começo do ano, outro vídeo usou a imagem de William Bonner simulando uma reportagem do “Jornal Nacional” sobre a liberação de dinheiro esquecido em bancos.

“Como jornalista, eu não posso fazer propaganda. Então, são dois riscos enormes. Um é propaganda de produtos: não posso fazer. O outro é propaganda política: porque se usam a inteligência artificial para simular a venda de um produto qualquer, também usam para a venda de um político qualquer. Das duas formas, é um crime e, das duas formas, eu estou sendo lesado”, disse Bonner em entrevista ao “Fantástico”.

Vídeos original e falso de William Bonner em quadro do “Jornal Nacional”

Ao Glow News, Alexandre Pinto, CEO da Diferenciall Tecnologia & Consultoria e especialista em Tecnologia e Sistemas de Informação pela UFF, explicou o golpe virtual sofrido por William Bonner.

“A utilização de IA (Inteligência Artificial) de forma fraudulenta para o uso não autorizado da imagem de famosos por empresas para promover produtos é uma questão séria que tem ganhado destaque recentemente. Esse problema vem ocorrendo de várias maneiras e pode ter diversos impactos reputacionais e até mesmo legais, embora para este último ainda precisemos de legislação. Os fraudadores têm utilizado o que chamamos de deepfakes, que são imagens, áudios e vídeos criados através de tecnologias de IA“, diz o especialista.

“As criações são falsas, mas parecem muito reais, utilizando a imagem e a voz de celebridades sem a sua autorização. Essa falsificação, criada com qualidade, é, em geral, muito convincente, engana o público e dá a impressão de que a celebridade está endossando um produto ou serviço. Os perfis falsos ou até mesmo hackeados nas redes sociais são utilizados para promover produtos fraudulentos. No final das contas, com a desinformação criada, podem ocorrer danos à reputação da celebridade e possíveis prejuízos financeiros para os consumidores que acabam sendo enganados“, destaca Alexandre Pinto.

  • Uso indevido de imagem

O uso não autorizado da imagem de uma pessoa viola os direitos de imagem, que são protegidos por lei na maioria dos países. Qualquer pessoa que se sentir prejudicada pode entrar com um processo por danos morais e materiais, buscando ser indenizada pelos prejuízos causados à sua imagem e reputação. Além disso, o consumidor também pode exigir seus direitos em casos de publicidade enganosa, que pode ser considerada fraude segundo as regulações das leis de proteção ao consumidor. Tendo em vista a evolução acelerada das tecnologias, ainda não temos uma legislação específica para regular as IAs.

Essa situação é bastante complexa e exige esforços coordenados entre todos nós, sejam pessoas comuns, celebridades, plataformas de mídia social, órgãos reguladores e consumidores de forma geral. Uma das principais formas de evitar problemas é sempre buscar confirmações do que está sendo ofertado, analisar a empresa que está fazendo a publicidade, verificar sua idoneidade e desconfiar de ofertas muito fora da realidade. Também é muito importante, ao constatar uma fraude, fazer uma denúncia para evitarmos que outras pessoas possam cair no golpe.

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