Pedro Cardoso (Foto: Reprodução/TV Brasil)

Pedro Cardoso (Foto: Reprodução/TV Brasil)

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Especialista diz se a Globo ‘está acabando’ após Pedro Cardoso afirmar fim da emissora; entenda

O ator de 61 anos deu o que falar ao comentar sobre o atual momento da TV Globo

O ator Pedro Cardoso, 61 anos, deu o que falar ao comentar sobre o atual momento da Globo, sua antiga emissora e onde fez história ao interpretar o personagem Agostinho Carrara em “A Grande Família”. Em entrevista ao programa “Sem Censura”, da TV Brasil, na terça-feira, 16, ele refletiu sobre a influência da cultura estadunidense nas artes brasileiras.

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“A Rede Globo está acabando infelizmente, apesar de todos os problemas que a Rede Globo tem, eu acho muito ruim que a gente perca uma emissora como a Rede Globo e comece a viver debaixo de empresas estadunidense [exemplo] Netflix, Fox, porque a Rede Globo tinha um vínculo com o Brasil, é uma empresa brasileira, os donos da Rede Globo vivem no Brasil, querem ganhar dinheiro aqui, é importante para eles o Brasil”, declarou Pedro Cardoso, que deixou a TV Globo em 2014 após o seriado chegou ao fim após 13 anos.

O comentário do artista repercutiu nas redes sociais. “Povo acha que um fracasso de uma novela das 21h ou das 19h é decreto do fim da TV aberta, gente se situem. Audiência da TV aberta ainda é maior que o de streaming. E o Pedro Cardoso é um amargurado que foi banido pela Globo”, escreveu um internauta.

“Ele não mentiu. Mas não existe mais gigantescas audiências e isso não é só na Globo, mas em todas as mídias. Acabou 90% das casas assistindo um canal. Mas não significa que o canal vai acabar e sim ‘nichar’ o seu público”, afirmou outro. “Ele não mentiu em certas partes, o povo já não assiste mais as novelas como antes, não tem mais aquela trama que prende, Globo não sabe mais fazer novelas, o povo tudo migrando pra streaming”, disparou um terceiro usuário.

A Globo está falindo?

Diversos a atores consagrados tiveram seus contratos encerrados com a emissora. Em abril de 2023, a TV Globo promoveu cortes no setor de jornalismo, alegando necessidade de manter “o processo de transformação e evolução” e “disciplina de contas”. Jornalistas renomados como Giuliana Morrone, César Galvão e Fabio Turci estão entre os demitidos da emissora global.

Como é novo contrato da Globo ?

Nos últimos anos, a Rede Globo tem encerrado o contrato fixo de vários artistas veteranos, como Antonio Fagundes, Stenio Garcia, Marieta Severo, Osmar Prado, entre outros nomes. Agora, o objetivo da empresa é cortar os altos salários e fazer apenas um contrato por obra, algo que acaba deixando os atores livres para negociar trabalhos em outras emissoras ou plataformas de streaming.

O Glow News conversou com Higor Gonçalves, jornalista especializado em gestão estratégica de imagem, que fez uma análise sobre o assunto e explicou a nova reformulação da emissora.

“A imagem da Globo, ou seja, a forma como a emissora é vista pelo público, sofreu diversas transformações ao longo do tempo. Da fundação, em 1965, à consolidação como rede nacional de televisão, dez anos depois, passando pela expansão das operações e pela chegada à liderança de audiência, a empresa conquistou uma reputação valiosa”, começa o especialista.

“Uma imagem construída a partir de decisões empresariais assertivas, de inovações tecnológicas, produtivas e comerciais bem implementadas, e, não menos importante, de uma gestão de talentos competente. Todos esses elementos, em paralelo a acordos político-econômicos estratégicos para a empresa e a contingências, como a histórica inundação que atingiu o Rio de Janeiro em 1966 e que foi coberta ao vivo pela Globo, ajudaram a construir a reputação da emissora. Uma imagem ora controversa, é verdade, mas também de prestígio, diga-se de passagem. Quem não se lembra, por exemplo, de expressões como ‘padrão Globo de qualidade’ e ‘toda-poderosa’?”, explica.

“Ocorre que, com a chegada do século XXI, e a reboque de transformações político-econômicas, sociais e tecnológicas da primeira década dos anos 2000, a emissora começou a sofrer constantes quedas de audiência, mesmo emplacando produtos de sucesso. Na época, o aumento da renda média causou mudanças nos hábitos de consumo da população, que passou a sair de casa com mais frequência e a migrar para outras fontes de informação e entretenimento. No mesmo período, a internet começou a se popularizar e a atrair parte do público das emissoras abertas de televisão”, detalha.

“Um amplo estudo realizado pela Kantar Ibope Media sobre a audiência das TVs abertas brasileiras constatou que, entre 2001 e 2021, a Globo perdeu cerca de 1 em cada 3 telespectadores. A média nas 24 horas do dia em rede nacional, que era de 20,5 pontos em 2001, caiu para 15,3 pontos vinte anos depois. A Globo não foi a única emissora a perder espectadores. Com o crescimento do acesso à internet e a popularização do uso de dispositivos móveis, como celulares e smartphones, uma parcela considerável do público das TVs passou a se inteirar dos acontecimentos e a se entreter de modo online, a partir de portais de notícias, mídias sociais, jogos eletrônicos e serviços de streaming”, conta.

“As mídias digitais conquistaram uma parte significativa do público. Com a debandada da audiência para outras plataformas, a publicidade também dispersou-se. Se antes as TVs disputavam as verbas dos anunciantes apenas com veículos como rádios, jornais e revistas, por exemplo, as alternativas para a exibição de publicidade passaram a ser diversas. Instaurou-se uma ‘guerra pela atenção’. Que, neste momento, está acirradíssima. A Globo vem sentindo esse efeito há cerca de uma década, mas, há pelo menos cinco anos, percebendo que a conjuntura não iria melhorar, começou a enxugar despesas por meio do projeto ‘Uma Só Globo’. A intenção era integrar equipes e estruturas, desenvolver novas áreas de atuação, criar novos negócios, buscar fontes alternativas de receitas, e, principalmente, transformar a empresa que estava nascendo em uma ‘media-tech’, capaz de entregar conteúdos e serviços por meio de métodos online que combinam mídia e tecnologia digital, como Netflix e Spotify, por exemplo. Acontece que a primeira etapa da reestruturação chegou ao fim, no segundo semestre de 2021, sem muito a comemorar”, analisa.

“Renegociação de contratos, venda de propriedades e desligamentos de colaboradores tornaram-se uma constante na Globo, que está atravessando um intenso processo de digitalização e focando todas as energias no Globoplay. É importante falar que outros grupos de mídia robustos, no Brasil e no mundo, estão se reestruturando, promovendo cortes e tentando equilibrar despesas e receitas para manterem-se competitivos. No entanto, em termos de imagem, ou seja, de percepção, o caso da Globo é diferente: parte do público tem rejeitado a emissora, sobretudo nos últimos dez anos, por enxergar um suposto alinhamento político-ideológico com pautas consideradas de esquerda.”, comenta Higor.

“Os atritos públicos com o último governo federal, que foi eficiente em propagar a ideia que a Globo era esquerdista, que conspirava contra o país e que dependia exclusivamente das verbas de patrocínio estatal antes de 2019, também contribuíram para a mudança da percepção. Todos esses fatores, somados às divulgações nos últimos anos de prejuízos financeiros milionários, de demissões voluntárias e compulsórias de famosos e anônimos, e, principalmente, de uma gestão de crise de imagem corporativa ineficaz por parte da empresa, estão transmitindo a impressão de falência. É como um império que está desmoronando. Mas, o fato é que o Grupo Globo não está falindo. Uma evidência incontestável, segundo levantamento recente divulgado pela revista Forbes, é que a família controladora do conglomerado se mantém entre as mais ricas do País’, finaliza.

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