Mãe Márcia D’Oxum, uma respeitada líder espiritual e ambientalista de São Gonçalo, tem sido uma força motriz em iniciativas de cuidado com o meio ambiente há mais de três décadas. Seu trabalho pioneiro na integração da sustentabilidade com práticas religiosas afro-brasileiras tem inspirado uma nova geração a reverenciar a natureza não apenas em palavras, mas através de ações concretas. Sob sua orientação, a comunidade tem adotado práticas ecológicas nas celebrações.
No próximo domingo, dia 4, acontecerá o 16º Presente de Iemanjá em São Gonçalo no Rio de Janeiro. O evento que será promovido na Praia das Pedrinhas, a partir das 9h, não é apenas uma celebração da fé e da cultura, mas também um símbolo vivo do compromisso da comunidade com a sustentabilidade, a inclusão e a luta contínua contra o racismo institucional e religioso.
O Presente de Iemanjá em São Gonçalo transcende a mera reverência religiosa. Ele incorpora uma conscientização ecológica profundamente enraizada, manifestada através da confecção do barco, principal presente litúrgico para a grande Orixá, artesanalmente construído com papel biodegradável por jovens e crianças dos terreiros da comissão organizadora.
Em todas as edições do Presente de Iemanjá em São Gonçalo, um foco renovado na sustentabilidade traz mudanças significativas em relação à prática dessas celebrações. A escolha de materiais biodegradáveis para as oferendas e a construção do barco litúrgico feito de papel refletem nosso compromisso com a minimização do impacto ambiental. Além disso, um plano de limpeza pós-evento já está estabelecido para garantir que as areias da Praia das Pedrinhas e as águas circundantes permaneçam limpas e livres de poluição. Equipes de voluntários, juntamente com funcionários municipais, estarão mobilizados para recolher cuidadosamente quaisquer resíduos, assegurando que a celebração seja sustentável em todos os sentidos.
Essa prática, inspirada na sabedoria oral dos povos tradicionais de matriz africana, não só honra nossa “Rainha do Mar” com oferendas que respeitam a vida marinha, mas também serve como uma ferramenta educativa valiosa para as crianças e jovens dos terreiros envolvidos, perpetuando as histórias das sereias e os ensinamentos ancestrais de respeito à natureza.
O evento também destaca a importância de São Gonçalo na preservação da rica herança cultural africana e na promoção de uma sociedade mais justa e inclusiva.