Ricardo Falco foi condenado na Itália, como Robinho, por estupro coletivo de uma mulher embriagada, em 2013, em Milão. Ele teve sua condenação de nove anos de cadeia, homologada pela Justiça brasileira e se entregou na sexta-feira, 07. Antes disso, deu uma entrevista para Roberto Cabrini, da Record.
“Me arrependo de não falar toda a verdade e tudo o que eu vi, de ter ficado do lado do Robinho. Eu menti. Agora vou dizer toda verdade, eu precisava colocar tudo para fora, falar tudo. Quero que acabe isso, faz cinco anos que minha vida é um pesadelo, é um fantasma em cima de mim. Quero me entregar, passar o que tem que passar, voltar minha vida do zero e ser a pessoa que sempre fui”, afirmou o amigo “traído”.
Ele disse ter se calado para preservar a imagem do famoso, que considerava ser seu amigo, mas não considera mais. “Admito isso [ter combinado depoimento com Robinho], eu quis limpar a barra dele, não foi nem para mim porque não fiz nada. O único depoimento que dei foi como testemunha. Se tivesse câmera de segurança ele estava lascado, ia pegar as imagens e ia provar que ele teve relação. Na verdade, para mim, seria até bom que tivesse câmera, ia aparecer que eu não fiz nada. Eu combinei depoimento pensamento nele, para ser fiel à amizade”.
Sua versão é que Robinho participou desde o início da sessão sexual envolvendo seis homens e uma mulher. “A menina chegou na mesa. Ela queria ir antes, mas a esposa do Robinho estava lá. Ela estava na intenção do Robinho. A esposa foi embora e ela ficou na mesa, um dos nossos amigos ficou com ela e foram para a chapelaria. O Robinho entrou e todos foram atrás. Quando eu entrei e vi o que estava acontecendo, não fiquei abismado porque a pessoa não estava jogada no chão”, declarou.
“O Robinho até saiu antes, ela saiu e ficou chorando no canto. Ela mesmo estava na mesa e se serviu. O Robinho tinha pagado a mesa, uma bebida. Tudo não durou nem 10 minutos, te garanto. Seis homens estavam lá dentro, mas não foram todos que tiveram relação, só dois. Outros dois tiveram relação oral. Eu e mais um não tivemos contato com a vítima. Foi uma orgia”, afirmou ao repórter.
“O problema é o seguinte: não cometemos crime. Ele [Robinho] foi lá no depoimento e foi sincero, falou que teve relação. Eu não tive, o que ele fala não me interessa, o que importa para mim é o que a vítima fala, eu nem encostei na menina. Sabia que tinha um vestido. Eu me preocupei mais por ele. Afirmo que não estuprei, afirmo com tudo o que for possível. Isso aí foi um choque para mim, a própria vítima disse que estava algo errado, porque não teve relação comigo. Quando saiu o exame, constatou [meu sêmen], mas só eu fiz o exame. Eu estou em paz, o negócio do exame a própria justiça pode ter forjado. A própria menina alega que o esperma é de outro fulano”, argumentou.
“Se ela [ a mulher] estivesse aqui, eu tenho certeza que ela falaria para mim que eu não tenho culpa do que estou passando. Ela sabe que eu nunca fiz nada para ela, ela seria a primeira a falar. Tenho certeza absoluta. Eu nunca fui acusado pela vítima, eu era testemunha do caso e ela sempre fala, em todas as partes do processo, que não tive relação com ela”, disparou Ricardo.
Só que a entrevista perde a força quando é comparada aos áudios que foram grampeados pela polícia italiana. Em conversa com Robinho, ele ironiza sobre a situação e confirma que teve relações sexuais com a albanesa que estava embriagada, de acordo com o próprio ex-jogador da Seleção.
“A minha única preocupação é se havia câmeras porque se houvessem teriam me filmado enquanto estava fornicando a moça. Ela, porém, não me chu… o pênis e nem o teu. O fato de não ter ali as câmeras foi a nossa salvação”, disse Falco a Robinho.
Só que a prova de material genético comprovou, de acordo com a Justiça da Itália, que houve relação sexual. “O rastro de líquido seminal localizado na zona central do anterior da saia do vestido foi atribuído, com certeza, ao perfil genético de Ricardo Falco”, afirmou sobre a sentença que o condenou a nove anos de cadeia.
Ricardo decidiu se vingar de Robinho e dizer a sua versão da história porque o jogador, que era seu amigo, disse que tudo que aconteceu em Milão teria sido armado por Falco, para tomar ‘seu dinheiro’, e o chantagear. “O dia em que leram o depoimento dele para mim, a hora que ele falou que foi eu que armei tudo isso e estava de esquema com a vítima para tomar o dinheiro dele. Sinto que fui traído. Pretendo dizer para ele que me senti um homem traído, ele nunca me ligou para ver se estava tudo bem. Ele tentou desviar o foco e jogou o foco para mim. Eu já classifiquei ele como um cara traíra, mas, analisando friamente, eu analiso ele como um cara desesperado”.
Rudney Gomes, Clayton Santos, Alexsandro da Silva e Fabio Galan, que também participaram do estupro coletivo, serão processados pela Justiça da Itália e deverão ser presos no Brasil, caso sejam condenados. Galan trabalha no Instituto Neymar.
