Hétero? Não Sou. É desafiador viver em uma sociedade que, constantemente, busca categorizar quem somos e até nossos sentimentos. Para muitos, declarar que “hétero não sou” parece ser apenas o começo de uma longa jornada para se encaixar em novos rótulos. Quase te puxam, levando a uma outra prateleira, e você é praticamente obrigado a escolher algum daqueles títulos ali disponíveis. Uma cobrança do tipo: não pode sair daqui sem levar um. Nas últimas horas, dois episódios que ganharam bastante repercussão na internet evidenciaram as nuances e os desafios desse tipo de situação: uma declaração do participante do BBB25, Vinícius, e a discussão envolvendo a autodefinição de Toguro como “moon sexual“.

No Big Brother Brasil 25, uma conversa entre Vinícius e a atriz Vitoria Strada, às vésperas da primeira festa da edição, trouxe à tona a complexidade de responder uma pergunta aparentemente simples, mas que esconde questões profundas. Quando Vitoria perguntou: “Você é hétero ou bi?”, o brother respondeu: “Eu não sei ainda”. A reação da atriz, que é assumidamente bissexual, foi de entusiasmo e empatia, seguida por um pedido de desculpas pela pergunta. O momento gerou repercussão nas redes sociais, com debates polarizados. Enquanto alguns elogiaram a vulnerabilidade de Vinícius, outros questionaram a necessidade de “descobrir-se” imediatamente. Sua resposta “Estou vivendo um ano novo na minha vida” reflete uma busca pessoal que não cabe em uma narrativa de rótulos fixos.

De maneira semelhante, Toguro, influenciador digital, gerou discussão ao se declarar “gay” em um post no X (antigo Twitter). Em seguida, explicou que sua orientação era “moon sexual”, termo que ele criou, pois sente que é de lua, ou seja, às vezes ele se considera, sim, um homem gay. “Sou de lua, sou de momento. Apenas isso”, disse o influencer, ressaltando que prefere viver sem rótulos permanentes. Toguro também abordou os julgamentos enfrentados: “Incrível como vivemos em uma era de julgamentos. Quero ser amado, feliz e valorizado do jeito que sou”. A reação do público oscilou entre a compreensão e a cobrança por definições mais claras, evidenciando a dificuldade de abraçar a pluralidade em tempos de classificações rígidas.

Na minha leitura, claramente, essas duas situações refletem um fenômeno maior: o peso de rotular-se para ser compreendido. Mas, há um tempo, venho notando que o mais importante tem ficado de lado. Afinal, esse processo de descoberta não se trata de atribuir um título, mas de realmente conseguir abraçar quem você é, com toda a complexidade envolvida, até porque essa ‘definição’ não precisa ser fixa e nem definitiva.

Momentos como esse entre Vinícius e Vitoria, ou as declarações de Toguro, são uma excelente oportunidade para conversas leves e esclarecedoras sobre sexualidade e fluidez.

Vinícius e Toguro exemplificam a liberdade de explorar, experimentar e viver sem a pressa de se definir. Eles nos lembram que as respostas não precisam ser imediatas e que viver já é, por si só, uma resposta suficiente. Que alegria poder acompanhar de pertinho, pelas câmeras do BBB25, essa declaração corajosa de Vini ao relatar esse seu momento. Essa coragem de poder dizer “hétero não sou” é um convite para repensarmos essa necessidade de parecer que sempre será necessário recorrer a um catálogo de definições, até porque o que nos conecta de verdade é o amor, não são os rótulos.

Até amanhã!

Recentemente, falei nas minhas redes sociais sobre a minha relação de fé e a minha sexualidade.