Em recente entrevista ao programa “Sensacional”, apresentado por Daniela Albuquerque, na RedeTV!, o ex-BBB Eliezer falou da infância conturbada e revelou que seus pais se separaram muito cedo.
“Quando penso nas minhas lembranças de infância, uma das primeiras coisas que me vem à mente é jogar videogame, especialmente o Mega Drive, com o jogo Sonic. Eu sempre colocava a música no volume máximo, pois minha mãe também aumentava o som da TV. Isso acontecia porque, muitas vezes, meus pais estavam discutindo, já no final do casamento”, contou.
O marido de Viih Tube ainda relatou que sua mãe, na época, passou por momentos difíceis e chegou a tentar tirar a própria vida algumas vezes. “Hoje, ao lembrar de tudo isso, percebo como foi complicado aquele período. Ela chegou a passar por uma reabilitação. Meu pai nos disse que ela tinha viajado para descansar, mas acredito que, na verdade, ela estava buscando tratamento. Ficamos alguns meses sem vê-la durante esse tempo”, completou.
Assista ao trecho da entrevista:
Ao Glow News, Telma Abrahão, especialista em neurociências e desenvolvimento infantil, autora best-seller e criadora da Educação Neuroconsciente, analisou o trauma sofrido por Eliezer.
Segundo a profissional, assim como no caso do Eliezer, milhares de crianças passam por situações traumáticas ao longo da infância.
“A neurociência nos mostra a importância dos primeiros anos de vida no desenvolvimento do cérebro humano. Nascemos com o cérebro imaturo, e durante a infância é fundamental que tenhamos afeto, segurança física e emocional, para que possamos aprender a lidar com nossas emoções, inclusive as difíceis, como a raiva e a frustração. Isso também nos ensina a nos olhar e a olhar para as relações e para o mundo com bons olhos”, explica Telma.
“Infelizmente, muitas crianças não recebem esse cuidado, seja por falta de educação emocional dos pais, problemas de saude mental, falta de recursos financeiros, ou por outras adversidades que a família enfrenta. O fato é que as crianças precisam ser cuidadas, mas muitas acabam assumindo o papel de cuidadores de seus próprios pais, sendo forçadas a exercer funções adultas na vida dos pais. No caso do Eliezer, por exemplo, ele teve que, em várias ocasiões, resgatar a mãe de problemas, tirá-la de um quarto onde estava desmaiada ou ligar para o pai para ajudá-la. Essa inversão de papéis onde a crianca precisa cuidar do bem estar fisico ou emocional dos pais é conhecida como “parentificação”, prossegue.
Telma Abrahão ressalta que um adulto que teve essa “parentificação” na infância pode acreditar que é responsável pela felicidade de todos à sua volta, assumindo a culpa por tudo de ruim que acontece. “Essa é uma das consequências de crescer em um lar onde um ou ambos os pais não foram capazes de fornecer a segurança e a estabilidade, especialmente emocional, que a criança tanto precisava”.
“Outro ponto importante a considerar é que, quando uma criança passa a infância vivenciando inúmeras experiências de medo e insegurança, isso pode desencadear o que chamamos de trauma complexo. Esse tipo de trauma não é causado por um único episódio traumático, mas por uma repetição de experiências que ativam o sistema nervoso, gerando uma hiperativacao do eixo HPA responsável pela produção dos hormônios do estresse e consequente hipervigilância do sistema nervoso. As consequências disso podem incluir dificuldades de aprendizado, problemas de socialização, dificuldades nos relacionamentos e impactos que se estendem não apenas na vida da criança, mas também na do adolescente e do futuro adulto”, finaliza.
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