Marcelo Agostinho Ferreira, conhecido como Daniel Mastral, foi encontrado morto na Aldeia da Serra, em Barueri, na região metropolitana de São Paulo, na noite desse domingo, 4. Antes de morrer, o escritor de 57 anos havia dado uma entrevista para o canal Na Real, de Bruno Di Simone, no YouTube, na qual revelou que decidiu deixar o satanismo porque teria que matar uma criança.
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“Eu já tinha ouvido falar disso, mas eu nunca tinha visto. Eu nunca tinha presenciado, assim, ao vivo. Eu sou incapaz de matar um bicho, um animal, um passarinho. E eu ia ter que matar uma criança”, lembrou durante a conversa exibida em fevereiro deste ano. Mesmo se sentindo revoltado, Daniel ouviu que não estava preparado e, por isso, precisaria concluir o sacrifício.
O escritor prosseguiu com o relato de outro episódio que foi crucial para que ele largasse o satanismo de vez, em que ele passou por uma espécie de exorcismo. “Na época, eu namorava uma moça que era evangélica e eu fui visitar a igreja dela. Lá havia um grupo fazendo uma adoração genuína, verdadeira. Não era show, não era espetáculo. A adoração genuína me derrubou no chão, sabe? Eu perdi o controle, desmaiei. Eu perdi a minha consciência”, conta.
Daniel continuou: “A minha namorada marcou um encontro com o pastor da igreja, porque ele queria falar comigo. Eu fiz um feitiço contra ele e fui até lá. Ele teve um problema e não foi. Marquei de novo, né? Ele teve outro problema também e não foi. Na terceira vez, eu falei com o senhor sacerdote pra me ajudar a fazer um feitiço mais robusto”.
O autor destacou que, na segunda vez, fez um feitiço pra matar o pastor e não funcionou. “O cara estava vivo. Bateu o carro, mas não sofreu um arranhão. Eu fiquei muito indignado com isso, né? E aí [os satanistas] fizeram um ritual pra acabar com ele. E aí eu fui ao encontro [do pastor] cheio de orgulho, soberba, pensando: ‘O cara não vai vir’. Esperei duas horas, quando tô indo embora, o cara chega. A sensação que eu tinha é que eu não podia tocar nele, que se eu tocasse nele, eu caía”.
Em seguida, Daniel descreveu o momento do suposto exorcismo: “Ele me chamou e falou: ‘Posso orar por você, rapidinho, uma oração? Coisa rápida’. Ele me levou no gabinete, fechou a porta e eu só lembro de uma mão vindo na minha direção. Ele orou por mim, eu caí e me debati. Foi tipo um exorcismo”.
Quando reencontrou o pastor, anos mais tarde, Daniel soube que a “oração rápida” na verdade durou três horas. “Não é legal você ver o demônio canalizando pessoas. Eu só vi cinco vezes, eu tinha muita penalização, por aí. Não é legal de ver. Depois [do exorcismo] eu senti uma paz, uma alegria que eu nunca tinha sentido na minha vida. Eu não sabia o que era paz, não sabia o que era tranquilidade, eu desconhecia”, ressaltou.
Segundo ele, sua vida mudou completamente após conhecer o pastor. “E alguém a falar o que é [ter paz], era efêmero pra mim. Assim, eu senti paz, eu senti amor, eu me senti acolhido. O Criador, muito mais poderoso [que o demônio], olhou pra mim, sabe? Eu que sou só pó, poeira cósmica, eu sou nada, né? E Deus olhou pra mim, Deus morreu pra mim. Ele sabe meu nome, Ele fez todas as estrelas do céu e Ele sabe o meu nome, Ele me protege e me aceita mesmo tendo feito tanta bobagem, Ele me aceita. E isso me comoveu demais”, declarou.
O teólogo finalizou afirmando que foi ameaçado após deixar o satanismo: “Os meus bichos morreram, me disseram que eu tinha que fazer o ritual e tudo mais. Eu fugi no dia que eles disseram que estariam na minha casa. No último contato que eu tive com eles, fiz um juramento de nunca contar nada do que eles fazem. Combinei: ‘vou preservar os segredos e vocês me esquecem’. E assim foi feito”, concluiu.
Confira a entrevista completa de Daniel Mastral:
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