Cariúcha diz que só trabalha com “bichas” e que todas as pessoas são do “vale”, que é o apelido usado pela comunidade LGBT. Em bate-papo com Blogueirinha, na última segunda-feira, 29, a apresentadora do SBT voltou a falar sobre o assunto.
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Ao ser interrogada sobre uma suposta assessora que teria falado por ela, Cariúcha disse que essa pessoa não a representava e falou de seu ex-assessor. “Meu primeiro assessor desde que eu era Garota da Laje era o Rafael Gomes, que é a bicha. Eu só trabalho com viado. Aí, essa bicha, Rafael Gomes, foi meu primeiro assessor, em 2009, quando eu não tinha dinheiro e ele me assessorou, ficou comigo anos”, disse ela.
“Depois entrou o Irinaldo, que é outra bicha. Então, eu só tive duas gays assessoras. Eu não tive assessora mulher. É só viado que trabalha comigo, é só o vale”, continuou. Blogueirinha perguntou o motivo de a apresentadora só querer “pessoas do vale” com ela. “Porque eu sou a mãe das gays, porque eu tenho mais afinidade com as bichas. Eu gosto de trabalhar com bicha porque ela me traz pra realidade, me dá dois tapas na cara [e fala] ‘querida, acorda. Você não é a Xuxa’. As bichas acabam comigo e eu gosto disso, me trazem pro mundo real”, respondeu.
Rafael Gomes rebate as declarações de Cariúcha
Entretanto, Rafael Gomes, respondeu as declarações em conversa com a colunista Fábia Oliveira, do Metrópoles. “Na entrevista, ela contou que eu fui assessor dela e falou do trabalho que foi feito. Realmente, passamos muitos anos juntos e somos amigos, só que eu não quero ser tratado da forma como ela está me colocando: ‘O meu assessor gay, as bichas’”, afirmou o jornalista.
“Porque eu sou profissional, eu sou formado, tenho diploma, sou jornalista, tenho uma carreira e um trabalho, assim como as outras pessoas que trabalham com ela. A gente tem nome e sobrenome”, disse ele sobre os motivos para ter se incomodado.
“Acho que para todo homem gay é muito desrespeitoso ser colocado nessa prateleira que, na verdade, nenhum homem gay deveria aceitar. Outros profissionais que trabalham com ela são tratados assim: ‘Meu advogado gay, meu médico gay, meu amigo gay’. E as pessoas têm nome, têm história, têm profissão”, pontuou.
“E o sujeito não é o gay, é quem ele é. E por mais que ela tente se incluir dentro da comunidade LGBT, fazer parte disso, até acredito que seja uma bandeira verdadeira, ela tem bandeiras próprias, como uma mulher negra que sofreu racismo, passou dificuldades periféricas. Eu acho que ela nem precisava dessa bandeira para tentar se enaltecer ou se divulgar”.
“Porque as pessoas podem gostar dela apesar disso, naturalmente, e ela ter as próprias pautas. Eu sei a dificuldade e tudo o que ela passou para ser inserida na mídia, porque fiquei com ela muitos anos, até 2016, 2017, na época do Pânico. Sei que ela foi recusada muitas vezes, tanto pela mídia quanto por promoters de eventos”, disparou.
Ainda durante o bate-papo com a coluna, Rafael Gomes afirmou respeitar a história de Cariúcha: “Por ser quem ela é, por falar da forma que ela fala, por ser uma mulher negra, por tudo o que ela passou. Respeito muito isso. Então, da mesma forma que eu sempre a tratei com respeito, sempre vendi o trabalho dela de uma forma respeitosa, também queria que ela me respeitasse”, disse ele.
O ex-assessor de Cariúcha falou sobre a luta pelo respeito: “Há quase 10 anos, eu trabalho em outro nicho de comunicação, com política, e não é legal ter seu nome associado ‘ah, o viado, o gay’. E não é só por isso, é porque eu acho que a gente luta tanto para ser respeitado, pra ser incluído, pra estar dentro dos espaços naturalmente sem precisar ser tratado dessa forma jocosa, que eu achei feio”.
“Quando as pessoas me falaram que ela falou de mim, achei legal. Quando fui ver, era isso ‘minhas bichas, meus viados, assessor bicha’. Eu tenho carreira, tenho nome, não preciso ser colocado nessa prateleira, dessa forma. Se outras pessoas se propõem a aceitar isso, tudo bem, não tem problema, mas eu não não me proponho, nunca me propus e não vou me propor”, completou.
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