Durante uma pregação na terça-feira, 18, o pastor André Valadão aconselhou pais a não enviarem os filhos para a faculdade, pois as universidades podem “destruir a vida do teu filho”.
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“Se a faculdade vai acabar com a vida do teu filho, não manda ele para a faculdade”, afirmou Valadão. “Não manda. Vai vender picolé na garagem,. ‘Ah, mas eu não criei meu filho para isso’. Você criou para quê? Para ele ir para o inferno?”, questionou o religioso.
O líder da Igreja Batista da Lagoinha, em Belo Horizonte (MG), ainda chegou a insinuar que as instituições de ensino podem transformar mulheres em vagabundas. “Criou o seu filho pra que? Criou sua filha pra que? Para ela virar uma vagabunda? Ou você criou pra ela ser uma mulher santa, uma mulher digna, de família, cheia de Deus?”, afirmou Valadão, em meio aos aplausos dos fiéis presentes durante a pregação. “Aí ela tem um diploma e é rodada, é doida”, disparou.
Em resposta às inúmeras críticas que recebeu, o pastor evangélico afirmou que o ambiente da faculdade é de doutrinação, especialmente contra princípios bíblicos. “O que eu quis dizer: se o seu filho for para a faculdade e essa realidade vai tirá-lo da presença de Deus, vale mais presença de Deus do que a faculdade. Eu não disse para não ir para a faculdade”, frisou.
Polêmicas de André Valadão
Essa não é primeira vez que André Valadão se envolveu em polêmicas. O Glow News relembra algumas delas. Confira abaixo!
Sugerir morte de pessoas LGBTQIAPN+
Em julho do ano passado o pastor conduziu um culto da Igreja Batista da Lagoinha em Orlando, no Estados Unidos, no qual sugeriu a morte de pessoas da comunidade LGBTQIAPN+. “Se eu pudesse, matava tudo e começava de novo. Mas prometi que não posso, agora está com vocês’”, declarou Valadão.
A fala teve uma enorme repercussão negativa e o religioso respondeu que foi mal interpretado ao dizer que precisava “resetar” as pessoas da comunidade. Segundo ele, a frase foi dita no sentido de “levar a humanidade à sua essência”.
Investigação do Ministério Público Federal
Após o ocorrido, o Ministério Público Federal instaurou um procedimento para apurar a possível prática de homofobia cometida por André Valadão, por incitar a violência contra pessoas da comunidade LGBTQIAPN+.
A Justiça Federal de Minas Gerais acolheu pedido do Ministério Público Federal (MPF) e determinou a remoção de conteúdo discriminatório de André Valadão do YouTube e do Instagram.
Condenar a palavra ‘Orgulho’
André Valadão também já teve outras falas consideradas homofóbicas. Em uma delas, ele condenou o uso da palavra ‘orgulho’, enquanto falava sobre o movimento LGBTQIAPN+. No discurso, ele criticava o Mês do Orgulho (junho) marcado pela luta dos direitos da comunidade LGBTQIAPN+, com a frase “Deus odeia o orgulho” ao fundo.
“Deus odeia o orgulho. Deus não tolera. Uma das palavras mais difíceis para Deus é orgulho. Deus odeia, ele repugna, qualquer atitude de orgulho. Só o uso da palavra orgulho Deus já abomina”, disse Valadão, que foi imediatamente ovacionado pelos fiéis. O pastor ainda foi além, dizendo que “qualquer movimento que carrega o termo orgulho, Deus abomina”.
“A figura do orgulho é Lúcifer. A figura da palavra orgulho é o anjo caído, é alguém que, debaixo dos seus atributos, dons e possibilidades, quis se igualar a Deus […] orgulho é dizer: ‘eu não preciso de Deus’. O símbolo do orgulho, na bíblia, é Lúcifer e a palavra mostra que Deus não tolerou Lúcifer”, defendeu André Valadão.
“A minha preocupação aqui é porque hoje 57% da família cristã aceita o mês do orgulho. Hoje 57% da família evangélica e que se diz cristã não se opõe ao arco-írizinho nas lojas. 57% das famílias evangélicas hoje trata com normalidade a prática do pecado da homossexualidade”, alegou Valadão.
“Deus não destruiu a humanidade por causa de roubo, assassinatos ou idolatria. Deus destruiu a humanidade por causa da imoralidade sexual. Imoralidade sexual é um pecado grave. Não sou eu que estou dizendo, é a bíblia que diz: homossexuais passivos ou ativos não herdarão o reino de Deus”, finalizou.
TSE
Durante o segundo turno das eleições presidenciais de outubro de 2022, Valadão foi uma das figuras evangélicas mais atuantes em favor do então candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL).
Após várias publicações em favor do ex-presidente, ele publicou um vídeo se retratando com o presidente Lula (PT), segundo ele, por intimação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por meio do ministro Alexandre de Moraes.
Horas depois de postar o vídeo, o pastor fez uma outra publicação em suas redes sociais, mencionando censura. A assessoria do TSE, no entanto, negou a existência de qualquer sentença nesse sentido.
Racismo, homofobia e gordofobia
Em 2021, ele foi acusado de proferir falas contra a comunidade judaica, além de defender a violência policial e fazer comentários homofóbicos e gordofóbicos rotineiramente. As informações são da jornalista Fábia Oliveira.
Segundo ela, as declarações com teor preconceituoso são constantes na vida do pastor, que já admitiu ser contra relações homoafetivas e contra a presença de homossexuais em igrejas cristãs.
O comentário gordofóbico foi feito para um outro pastor que lhe fez uma crítica, mandando-o se calar em vez de “falar besteiras”. Em resposta, Valadão falou sobre o tamanho do homem: “Pela sua foto, vejo que quem tem que fechar a boca é você. Vá jejuar”, rebateu em tom considerado gordofóbico.
Processos movidos por políticos
A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) enviou uma representação ao Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) contra André Valadão, por incitação a crimes de ódio contra a comunidade LGBTQIAPN+.
Em seu perfil no X, antigo Twitter, a parlamentar afirmou: “Não aceitaremos mais a incitação a crimes de ódio disfarçado de religiosidade. Deus não odeia o orgulho. Deus não quer nossa morte. Esse ódio e ataque às nossas vidas vêm de seres humanos. E estes responderão na justiça dos homens”.
Além dela, o senador Fabiano Contarato (PT-ES) divulgou em suas redes sociais que pretendia processar criminalmente o religioso por suas falas. “Por tudo que sou, pelo que acredito, pela minha família e por tudo que espero para a sociedade, não posso me calar diante do crime praticado por André Valadão. Vamos representar criminalmente para que ele responda por manipular a fé e incitar a violência. Em um país onde tanto se mata LGBTQIA+, André Valadão não pode falar em nome de Deus. Deus é união, amor, respeito e tantos sentimentos bons, jamais um incentivador de discurso de ódio e de assassinatos em massa”, destacou.
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