Ayrton Senna tem o quarto que dormia mantido há décadas por proprietária da casa em que morou na Zona Norte de São Paulo. O piloto de Fórmula 1 viveu sua infância, adolescência e parte da juventude no local. Nesta quarta-feira, 1º, faz 30 anos que o piloto morreu após um acidente no GP de San Marino, em Ímola, Itália.
A casa em que Senna morou com os pais e seus dois irmãos, Viviane e Leonardo, entre as décadas de 60 e 70, fica no Jardim São Paulo, na Rua Condessa Siciliano. A atual proprietária é Marina Rey Rachas, antiga vizinha do piloto. Em entrevista ao g1, ela contou que seus pais compraram a casa assim que a família Senna se mudou, na década de 70, e, desde então, tentam preservar a memória do local deixando alguns itens do imóvel intactos, como a fachada, grades das janelas, portões, portas, área do jardim e até os móveis embutidos nos quartos.
“A minha família morava aqui na casa da frente, onde hoje em dia tenho meu escritório e alugo salas. Minha mãe disse para meu pai: ‘Estou cansada de viver em uma casa tão grande, eu e dois filhos. Quero morar em uma casa menor'”, contou ela. “Tanto fez que meu pai ficou sabendo que a família Senna estava vendendo o imóvel e não demorou muito que ele falou para minha mãe: ‘Você quer morar ali?’. E ela disse que sim, porque não queria sair do bairro por recordações de família e se apaixonou pela casa porque tinha jardim e tínhamos cachorros”.
Marina contou que, após a morte dos pais, seu irmão passou a morar na casa. Entretanto, ela ajuda na administração da residência, principalmente na sua preservação. “A gente procura manter. Eu vou dizer para você que é por respeito, porque a gente é proprietário de um imóvel de um ídolo. Isso para mim é uma satisfação muito grande. É o que costumo guardar comigo“, reforçou ela.
No cômodo estão o guarda-roupa e a cama de madeira que eram usados pelo piloto ainda na infância. Janelas, piso e detalhes de madeira nas paredes do quarto também estão intactos. “Algumas vezes eu costumo dormir no quarto que era dele, inclusive na cama que era dele, porque a gente só trocou o colchão, e é uma sensação de falar: ‘Meu Deus, quantas histórias existem que as pessoas nem imaginam que existem na vida da gente’. Sem fanatismo nenhum, mas a gente está dormindo na cama do Ayrton Senna. Isso é maravilhoso. A gente se reporta ao passado, é gratificante, é uma lembrança bonita. É isso que ficou, uma lembrança bonita”, afirmou.
Ela também disse que recebe muitas pessoas que param na frente da residência para tirar foto. “A foto que o Ayrton Senna tirou aqui no jardim é antológica. Tem pessoas que param aqui em frente, muitas até do exterior, japoneses, em sua maioria, franceses, italianos, que querem saber a história da casa, pedem até para visitar o imóvel. Não costumo abrir a casa porque tenho receio, mas permito tirar foto, já que a casa não é minha, é emprestada por Deus porque quem morou aqui foi Ayrton Senna. É uma grande satisfação ter uma memória e poder compartilhar. Por que não fazer? Eu gosto de compartilhar as coisas boas”.
“A gente tem passado, presente e não sabe o futuro. Muita coisa no passado a gente quer deletar, mas a sensação de estar hoje na lembrança positiva, de estar na casa onde morou Ayrton Senna, um ídolo nacional e até mundial, é muito gratificante e emocionante. Vez ou outra a gente se reporta, e eu lembro com muito carinho que ele foi uma pessoa muito querida e ainda é. Ayrton foi uma pessoa especial”, declarou.
Marina disse que Senna já demonstrava foco e paixão por automobilismo desde pequeno. “A lembrança mais forte de quando era vizinha dele é do barulho que a gente escutava de kart. O barulho está gravado não só nos ouvidos como também na memória. Final de semana ele corria, corria, corria, corria a manhã inteira de kart, e sempre instruído pelo seu pai, Milton. Ninguém dormia”.
Ainda nessa rua, vive Tereza Martinez, que mora no bairro há seis décadas. A mulher de 84 anos disse lembrar do piloto brincando na rua com os vizinhos. “Lembro que o Senna andava aqui de kart. Tem a lembrança de quando era pequeno. A brincadeira deles era aqui. Depois que ele mudou, eu só o via pela televisão. O menino que andava de kart se tornou um campeão. A vida da gente é uma incógnita. Você pequeno não sabe o que vai ser. Adorava as corridas dele. Depois que ele faleceu, nunca mais assisti à Fórmula 1, nunca mais”, revelou.
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