A dançarina Cintia Mello decidiu deixar o Programa do Ratinho (SBT) após ser alvo de uma piada do apresentador sobre seu cabelo. Na ocasião, Ratinho pediu que uma colega da dançarina puxasse o Black Power dela para se certificar de que não era uma peruca e “brinca” ter visto um piolho.
O episódio repercutiu nas redes sociais e bailarina afirmou em suas redes sociais que esperava algum tipo de posicionamento ou retratação, o que não ocorreu. Assim, ela optou por se desligar do programa.
“Eu decidi me desligar do programa do Ratinho. Há alguns dias fui tragada por uma situação em que eu não escolhi passar, e quero deixar bem claro aqui que tenho muito orgulho de ser uma mulher negra. Fui pega de surpresa por uma brincadeira inoportuna e para mim contraditória, por ter sido feita por uma pessoa que sempre elogiou meu cabelo natural”, iniciou em um vídeo no Instagram.
Parte do corpo de baile do programa há nove anos, Cintia explicou que, por conta da intimidade que tinha, buscou ter uma conversa e explicar as consequências sociais e raciais desse tipo de brincadeira tanto para ela quanto para outras pessoas negras, porém sem sucesso.
“Por ter liberdade, afinal, são nove anos de convivência, resolvi buscar uma conversa. Tentei explicar quais são os estigmas de uma brincadeira como aquela, como acaba impactando na vida de pessoas negras, como impactou no meu cotidiano, na minha saúde mental, na minha vida profissional, até porque trabalho com a minha imagem nas redes sociais. Na outra semana, tinha esperança que algo acontecesse, ou uma conversa pessoalmente, uma nota, um esclarecimento publico porque meu constrangimento foi público, mas nada aconteceu”.
O vídeo foi ao ar no dia 1º de abril e, com a repercussão, vieram as críticas. Diversos movimentos negros acusaram Ratinho de racismo e diversas pessoas repudiaram a fala do apresentador. Segundo Cintia, apesar de não ter culpa de nada, ainda foi hostilizada nos bastidores.
“Recebi olhares hostis de algumas pessoas como se eu tivesse culpa de tudo aquilo que estava acontecendo. Ali eu percebi que ninguém se importava e que não era mais o meu lugar, pois sei distinguir muito bem gratidão de submissão. Recomeços não são fáceis, preciso estar forte para cuidar da minha filha. Sigo de cabeça erguida e consciência limpa porque tentei fazer o que eu achava correto”, finalizou seu desabafo.
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