Ludmilla (Reprodução/Instagram)

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Políticos e líderes religiosos entram com representação pública contra Ludmilla; entenda

Cantora foi acusada de intolerância religiosa em seu último show no Festival Coachella

A cantora Ludmilla está sendo acusada de intolerância religiosa após um vídeo veiculado durante seu show no Festival Coachella no último domingo, 21. Em um trecho da gravação que abria o hit “Rainha da Favela“, foi exibida uma imagem com a frase “Só Jesus expulsa o Tranca Rua das pessoas”.

A expressão “Tranca Rua” é associada a entidades espirituais presentes em religiões de matriz africana, como a Umbanda. Por conta disso, a cantora, que é evangélica, recebeu inúmeras críticas de internautas e foi acusada de intolerância religiosa.

Ludmilla no Coachella (Reprodução)

Ludmilla no Coachella (Reprodução)

Após os ataques do público, políticos e líderes religiosos também se manifestaram contra a artista, exigindo medidas legais.

Átila Nunes (PSD), deputado estadual do Rio de Janeiro, acredita que a atitude de Ludmilla poderia configurar crime. “Ela tentou se justificar, mas a grande verdade é que isso reforça a intolerância religiosa no Brasil. É óbvio que isso é crime, é vilipêndio religioso. A gente vai ter que ir, evidentemente, ao Ministério Público pedir alteração do vídeo e, dependendo da gravidade, Ludmilla pode vir a responder pelo crime de intolerância religiosa e preconceito. Você divulgou uma imagem ofendendo uma outra religião. Queira ou não queira, você foi o veículo disso”, disse o deputado em um vídeo no seu Instagram.

Ivanir dos Santos, babalaô e defensor dos direitos humanos, foi outro que se pronunciou e entrou com uma representação pública contra a cantora.

“Uma luta de 40 anos não pode ser silenciada por uma frase de efeito em um palco internacional. Como babalaô e defensor incansável dos direitos humanos, enfrentei um momento de profunda indignação ao testemunhar palavras que ferem as raízes da nossa cultura sendo feridas ao mundo. Não é apenas sobre religião; é sobre respeito, é sobre entender a profundidade dos símbolos de nossa ancestralidade. O preconceito tem muitas faces, e hoje me vejo na posição de exigência, responsabilidade e conscientização”, escreveu ele no Instagram.

Após toda a polêmica, Ludmilla e sua equipe se manifestaram nas redes sociais, explicando a verdadeira intenção das imagens no vídeo. Nídia Aranha e Drica Lara, diretoras criativas do show, explicaram que o objetivo do vídeo era denunciar as mazelas sociais vivenciadas nas favelas brasileiras.

“Sabemos que no mundo das redes sociais, com todo mundo rolando a tela, uma única imagem pode ser interpretada de mil maneiras, e muita gente viu nela intolerância religiosa. Mas a imagem não estava lá para glorificar nada, mas, sim, para mostrar a realidade. A intolerância religiosa contra as crenças de matriz africana é uma triste realidade em nosso país, assim como qualquer tipo de discriminação contra grupos marginalizados em uma nação com tantos problemas e questões“, dizia um trecho do comunicado.

Segundo elas, a ideia era apresentar a realidade das favelas de forma crua e direta, sem filtros, destacando questões como violência, pobreza, racismo, lgbtfobia e intolerância religiosa. E que, em nenhum momento, houve a intenção de desrespeitar ou menosprezar qualquer religião ou crença.

“Para aqueles que ofendemos com o vídeo, nossas mais sinceras desculpas. Mesmo que nossa intenção fosse denunciar discursos de ódio, sabemos que as pessoas são afetadas de maneiras diferentes. A essas pessoas, pedimos perdão. Aos que estão aqui apenas para atacar Ludmilla e sua arte com informações distorcidas e inflamadas… a mensagem por trás do figurino é clara: depois de tantos golpes, estamos blindados com coletes de ouro”, finalizaram as diretoras na nota.

Ludmilla reforçou esse posicionamento na segunda-feira, 22, e acrescentou que o vídeo polêmico foi produzido por uma fotógrafa e videomaker negra e periférica, para que assim pudesse representar a favela com uma visão autêntica, de dentro para fora.

“‘Rainha da Favela’ apresenta a minha favela, uma favela real, nua e crua, onde cresci mas infelizmente se vive muitas mazelas: genocídio preto, violência policial, miséria, intolerância religiosa e tantas outras vivências de uma gente que supera obstáculos, que vive em adversidades, mas que não desiste”, dizia um trecho da declaração publicada em suas redes sociais.

Mani pode ter sido enganada e assinado contrato para denegrir sua imagem!