Nem todos sabem, mas, um dos princípios para fazer parte da Yakuza, a máfia japonesa, é que não é permitido a entrada de mulheres. O país tem mais de 10 grupos criminosos, compostos apenas por homens. Em três séculos de máfia, há apenas uma exceção, uma única mulher que fez parte do grupo criminoso. O nome dela é Nishimura Mako.

Ainda muito jovem, ela se juntou a gangues de motociclistas conhecidas como bōsozoku. Aos 20 anos, um encontro com um jovem membro da Yakuza foi o início de sua relação com a máfia.

Na época, ela era miúda e tinha o rosto delicado. Hoje, com 57 anos, Nishimura não é uma senhora japonesa tradicional. Ela possui uma tatuagem que segue até o pescoço e um dedo mindinho faltando.

“Eu era muito boa lutando, nunca perdi para um homem”, confessou Nishimura uma vez a Martina Baradel, pesquisadora da Universidade de Oxford, que ganhou sua confiança após anos de estudo sobre a Yakuza.

A yakuza costuma deixar apenas papéis informais para as mulheres, como uma anesan, esposa de um chefe que cuida dos jovens afiliados, fazendo a mediação entre eles e o marido, ou então, administrando clubes da máfia ou traficar drogas.

Nishimura assumiu os dois papéis e já participou da cerimônia sakazuki de troca de xícaras de saquê. Este é o ritual que confirma a filiação formal a um grupo yakuza.

Ela nasceu em uma família rigorosa, filha de funcionários públicos, com uma infância conservadora. Durante o ensino médio, a fim de fugir dos castigos autoritários de seu pai com varas de bambu, ela se uniu às gangues de motoqueiros, que a ensinaram a lutar.

Uma noite, Nishimura recebeu uma ligação de uma amiga que estava brigando e precisava de ajuda. Usando um porrete, ela ajudou a amiga e transformou a cena em um verdadeiro filme de terror. A cena chamou a atenção do chefe do grupo yakuza local, que a convidou ao seu escritório. “Mesmo sendo mulher, você deve se tornar uma yakuza”, disse o líder.

Após passar pela cerimônia sakazuki vestida com um quimono masculino, a jovem jurou sua vida à máfia, administrando negócios de prostituição e drogas, cobrando dívidas e mediando disputas entre grupos rivais.

Foi quando ela cortou o próprio dedo mínimo para se desculpar por um erro coletivo em um ritual conhecido como yubitsume e percebeu que tinha talento para amputações, ganhando o apelido de “mestre em cortar dedos”

Aos 30 anos, a metanfetamina se tornou o principal comércio de seu grupo, porém o vício a atrapalhou. Ela fugiu e teve seu próprio negócio, já que foi expulsa do grupo. Em um relacionamento com um membro de uma gangue rival, ela engravidou e precisou cortar laços com a máfia para conseguir criar seu filho.

Já fora da yakuza, ela não conseguiu nenhum emprego regular, por conta de suas tatuagens. Nishimura se casou com o pai de seu filho, agora chefe da yakuza, e voltou aos negócios de prostituição e tráfico de drogas. Na segunda gravidez, as brigas com o marido tornaram-se cada vez mais frequentes e violentas, o que resultou em um divórcio conturbado. A custódia dos dois filhos ficou com o homem.

De volta ao antigo grupo, ela não se adaptou às mudanças e os deixou novamente, dessa vez, para sempre. Ela encontrou um emprego no ramo de demolições. Além disso, Nishimura gerencia uma filial da instituição de caridade Gojinkai, que se dedica a ajudar e fornecer moradia a ex-presidiários e viciados e ex-membros que buscam se reinserir na sociedade.

Membro da Yakuza aos 20 anos, Nishimura Mako foi a única mulher a fazer parte da máfia japonesa (Reprodução/The Conversation)

Membro da Yakuza aos 20 anos, Nishimura Mako foi a única mulher a fazer parte da máfia japonesa (Reprodução/The Conversation)

Membro da Yakuza aos 20 anos, Nishimura Mako foi a única mulher a fazer parte da máfia japonesa (Reprodução/The Conversation)

Membro da Yakuza aos 20 anos, Nishimura Mako foi a única mulher a fazer parte da máfia japonesa (Reprodução/The Conversation)

Membro da Yakuza aos 20 anos, Nishimura Mako foi a única mulher a fazer parte da máfia japonesa (Reprodução/The Conversation)

Membro da Yakuza aos 20 anos, Nishimura Mako foi a única mulher a fazer parte da máfia japonesa (Reprodução/The Conversation)