A personagem Buba, vivida por Gabriela Medeiros no remake de Renascer (Globo), vem sendo tratada com um cuidado especial por parte dos autores da novela. Isto porque existe uma preocupação em tratar sua história de forma respeitosa e com o máximo de sensibilidade. Por isso, o autor Bruno Luperi conta com a ajuda da sua equipe, pesquisadores e até da diretoria de Diversidade e Inovação da Rede Globo.
De acordo com o site Notícias da TV, existe uma espécie de operação especial que passa um “pente fino” nas cenas de Buba, para que nada possivelmente problemático passe batido e vá ao ar. O objetivo é que a personagem seja tratada da forma mais humana e natural possível, a fim de evitar repercussão negativa nas redes sociais e gatilhos em pessoas transexuais.
Na primeira versão de Renascer, em 1993, Buba era hermafrodita, termo que não é mais aceito para se referir a pessoas intersexuais, ou seja, que nascem com características físicas, genéticas ou hormonais que não condizem com as definições biológicas de masculino e feminino.
“A Buba ser uma pessoa intersexo na primeira versão foi um assunto muito bem estabelecido, muito bem colocado e que trouxe muitos avanços. A necessidade de uma nova leitura sobre aquilo, diante do cenário de hoje, na minha concepção, se mostrou importante. A ideia não é tirar uma questão, mas sim adicionar novas camadas e trazer o assunto da diversidade, o assunto de gênero sob uma nova perspectiva que permita que mais discussões sejam feitas”, disse Bruno Luperi.
Há 30 anos, a personagem vivida por Maria Luisa Mendonça tinha uma aura de mistério e algo de sombrio, sendo distante do telespectador, coisas que não cabem mais no momento atual. Por isso a nova versão vem tentando tornar a personagem menos misteriosa e mais familiar ao público.
Uma questão pertinente sobre a personagem é se ela fez ou não a cirurgia de readequação genital. E, segundo o site, é bem possível que ela não tenha feito nem pense em fazer, uma vez que há uma parcela significativa de mulheres trans que consideram a operação uma agressão física grande demais. De qualquer forma, o assunto ainda deve ser debatido entre autor, equipe e emissora.
“Ter sensibilidade é imprescindível para a dramaturgia. Quando você abriu a porta da sua casa pra gente entrar com uma história, eu tenho que deixar algo bonito quando for embora, acho que é uma questão quase moral. Esse é um compromisso que a gente faz de que a novela tenha um olhar de sensibilidade, que a novela traga a luz em temas que são importantes para o nosso tempo”, discursou o novelista.
“Acho que agendas, pautas, situações que a gente não poderia discutir há 30 anos, podemos fazer agora. Então, vamos falar, vamos enfrentar, são muitos tabus que estão ali, que a gente tem que quebrar, que a dramaturgia quebra, e mais do que isso, acho que cria pontes. Vamos olhar, vamos compreender o diferente, vamos compreender quem não compreende, quem não teve. São espaços muito distintos, são universos diferentes. A quem aquilo é estranho, vamos mostrar que não é estranho”, completou o autor.
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